O longa começa com a apresentação da intimidade da coronela Katherine Powell (Helen Mirren). Não há a ansiedade na direção de Gavin Hood (Ender’s game e X-Men origens). Da Inglaterra, ela coordena uma delicada operação em Nairobi, no Quênia: o encontro de três terroristas. Powell comanda a equipe remotamente e, com a ajuda de drones, acompanha a perseguição.
Helen Mirren é, como sempre, competente como a coronela Powell, mas muito dura emocionalmente. Em nenhum momento a atriz revela como a mulher é afetada pela operação. É a mesma cristalização do general Frank Benson, interpretado por Alan Rickman (1946–2016), com a diferença que há nele um olhar mais sarcástico. O contrário vale para jovem ator Aaron Paul (o Jesse Pinkman de Breaking Bad).
Os primeiros 30 minutos são dedicados a construir – calmamente – o cenário em torno da coronela, sua relação com a equipe e, sobretudo, com o objeto da operação. Nesse começo, Decisão de risco aborda tecnologia de guerra, no caso os drones. Os modelos são diversos. Há drone-pássaro, drone-besouro e por aí vai. O uso dos equipamentos pode até ter ética questionável, mas isso o filme deixa para a avaliação do espectador.
Decisão de risco retrata uma lógica bastante cruel do peso político por trás da decisão militar. É cruel por existirem vidas de inocentes em jogo. O espectador participa, já que o que está ao alcance das autoridades são as mesmas imagens apresentadas durante a narrativa do filme. Cada um avalia a ação de acordo com o que acredita. Outra camada interessante do filme é a relação explícita entre a comunicação e o poder. Quais impactos uma ação desastrosa pode gerar na imagem institucional de um governo?
A pergunta é feita, mas fica em aberto.