Com humor bem brasileiro, Daniel Florêncio não esconde que vencer gigantes do marketing e da indústria é muito saboroso. “Revela que, mais importante do que o tamanho do filme, é a história que está sendo contada e a relevância social dela”, observa. Chasing Robert Barker foi indicado ao prêmio ainda nas categorias de melhor ator (para Gudmundur Thorvaldsson) e melhor ator coadjuvante (Patrick Baladi). No filme, o diretor aborda tema importante e discutido em todo o mundo: “A questão do noticiário de celebridades, os tabloides sensacionalistas, as relações entre polícia, política e mídia. E, especialmente, da responsabilidade ou falta de responsabilidade do jornalismo e como isso afeta a vida das pessoas”, explica.
O prêmio, conta Daniel Florêncio, foi inesperado, assim como tudo o mais que cercou a indicação.
Chasing Robert Barker é o segundo trabalho de ficção (o primeiro foi o curta Awfully deep, de 2010), em carreira até agora voltada para o documentário. “A ficção veio como modo de ligar história construída com elementos do noticiário que não se referem a um fato específico”, explica.
Ficção é produção complexa: “Voce precisa de uma multidão atuando junto. Mas permite tratar dos temas sem ficar dependendo de uma situação, como é no caso do documentário”, relata, afirmando que o prazer não é de ter a toda equipe envolvida nem é ver o trabalho concluído, mas ver as pessoas gostando do filme. “O reconhecimento de que Chasing Robert Barker é um bom trabalho é também dos atores. Todos estão bem, todos mereciam algum prêmio”, garante, satisfeito com as indicações a prêmio também para o elenco. “O que aprendi, fazendo este longa, foi que o principal foi me cercar de pessoas talentosas e que acreditam na história. Sem elas nada aconteceria”, afirma. Função de diretor, para ele, “é fazer as escolhas certas e, no set, coordenar tudo”.
Daniel Florêncio estudou cinema e rádio na Universidade Federal de Minas Gerais. Saiu de Belo Horizonte direto para Londres. A viagem foi feita com bolsa da União Europeia e o projeto era concluir o mestrado em artes e mídia e voltar a Minas Gerais. Ao fim dos estudos, como ainda tinha visto que permitia mais seis meses na Inglaterra, foi buscar alguma experiência profissional.