O filme de Robert Eggers foi exibido com sucesso no Sundance, em janeiro de 2015. No fim do ano, integrou a programação da Mostra. O filme é uma produção do brasileiro Rodrigo Teixeira. Na Mostra, virou cult, estourou nas redes sociais, alavancado pelo público jovem. O produtor foi quem fez a apresentação. Disse que o diretor quis criar um pesadelo do passado, com ecos no presente. A história passa-se no século 17. Tão grande foi a preocupação de Eggers com a verossimilhança que os diálogos foram escritos com base em documentos da época e as próprias roupas, os móveis, tudo foi feito de forma tosca, para se assemelhar, no máximo possível, ao que seria o visual autêntico.
Pai e mãe têm um bebê. Thomasin cuida da criança. Ela percebe um movimento estranho na floresta, e a forma como Eggers filma reforça seu estranhamento. Afinal, o que está ocorrendo? O bebê desaparece.
As bruxas de Salem viraram peça, filme. Há 60 e tantos anos, a história virou metáfora do macarthismo. O medo coletivo (do comunismo) gerou uma onda de paranoia. Suspeitos de antiamericanismo tinham de ser excluídos. Não é o caso de A Bruxa. Eggers faz cinema de gênero, mas não exatamente A Bruxa de Blair. O filme mexe com medos ocultos do público. Thomasin é bruxa? O bode é o demo? Nada é o que parece ser e o tratamento sonoro desestabiliza ainda mais o público.