São Paulo – “Só o fato de estar aqui dando esta entrevista já me faz um suburbano sortudo”, afirma Rodrigo Sant’anna, nascido e criado no Morro do Macaco, no Rio de Janeiro. Aos 34 anos, o comediante, que ficou conhecido por seus papéis no humorístico Zorra total (Globo) e no programa Suburbanos (Multishow), faz agora sua estreia como protagonista no cinema.
Em Um suburbano sortudo, que chega hoje a aproximadamente 500 salas brasileiras, o ator interpreta o camelô Denilson, que tem a vida transformada ao herdar uma fortuna milionária de seu desconhecido pai. Ele vive ainda quatro outros personagens, que contracenam entre si. Com um roteiro elaborado especialmente para Sant’anna, o longa, orçado em R$ 6 milhões, é o mais novo título no currículo do diretor Roberto Santucci (De pernas pro ar, Até que a sorte nos separe), atual midas da comédia brasileira.
A trama não é nenhuma novidade. Assim que o milionário empresário Damião (Stepan Nercessian) morre e seu testamento é revelado, o camelô Denilson, seu único filho biológico, fruto de um caso até então secreto com uma faxineira, herda todo o patrimônio. Pegas de surpresa, as ex-esposas Narcisa (Cláudia Alencar) e Gogóia (Guida Viana) e o enteado Luiz Otávio (Victor Leal) começam a armar várias tramoias para destituir o suburbano de sua nova fortuna. No meio dessa confusão, surge um romance entre Denilson e Sofie (Carol Castro), outra enteada do falecido, mas que destoa da ganância de seus antagonistas.
De fácil absorção, a trama é recheada de piadas escatológicas e de cunho sexual; gírias de periferia; exploração de estereótipos; paródias; críticas à elite carioca e um confronto de realidades sociais opostas. Em suma, uma comédia popular, feita com o intuito de atrair a atenção (e as risadas) de espectadores contados aos milhões. “É um filme para o Rodrigo brilhar no cinema, com o mesmo tratamento que demos para a Ingrid (Guimarães; De pernas pro ar) e para o (Leandro) Hassum (Até que a sorte nos separe, O candidato honesto). Queríamos um humor que fosse o humor do Rodrigo”, afirma Santucci, que teve o ator como parceiro na autoria do roteiro.
SURPRESA Ao contrário de Denilson, que vê a fortuna caindo espontaneamente em seu colo, o caminho de Sant’anna até um lugar de destaque na TV e, agora, no cinema não foi tão simples. “Sempre fui tímido. Foi uma surpresa para a minha família eu querer ser ator. Minha mãe desacreditava, falava que para isso ser possível eu teria que ser filho de gente rica”, conta Sant’anna. Ele conseguiu alavancar a carreira artística há 10 anos, depois da peça teatral Os suburbanos, que escreveu e dirigiu, além de atuar.
O trabalho chamou a atenção de Renato Aragão, que levou Sant’anna para participar da Turma do Didi. Em pouco tempo, a veia suburbana do ator passou a ser explorada também no Zorra total, com personagens que abusavam da linguagem, dos modos e das referências que o ator trouxe consigo da periferia. Com Santucci, ele teve a oportunidade de levar essa fórmula para a telona.
“Como aprendi a ser suburbano antes de ser ator e como sempre fiz um trabalho mais autoral, é difícil fazer essa separação entre eu mesmo e o personagem. Como suburbano, gostaria que falassem disso que a gente fala aqui”, diz Sant’anna, defendendo a ideia de que o “povão” gosta de rir. Sua preocupação foi mostrar um Denilson autêntico, que representasse bem a realidade de onde veio o personagem, ainda que algumas piadas soem exageradas e até preconceituosas.
“Quem é autêntico fala o que pensa, independentemente de parecer preconceituoso. O Denílson é um sacana, mas que, ao mesmo tempo, te protege. O que ele defende é que todos sejam tratados com respeito, independentemente de cor, orientação sexual etc. Por isso, ele diz que de “lá de onde eu venho não existe isso, de ‘policialmente’ correto”.
RÓTULOS Os demais personagens que ele interpreta no longa são a mãe, a tia, o tio e a prima de Denilson. Em uma das cenas, quase todos eles estão presentes contracenando entre si, ao melhor estilo Eddie Murphy, em O professor aloprado. Com essa e outras estratégias batidas da comédia de massa, elenco e direção confiam em um bom resultado de bilheteria. Por outro lado, a pouca aceitação do gênero entre a crítica ainda é algo que incomoda seus realizadores.
“Existe um preconceito contra esse humor que a gente faz. Parece que é um humor menor”, queixa-se o ator. Na opinião dele, a segmentação e a rotulação são prejudiciais ao espetáculo. “A gente tem mania de colocar tudo dentro de um potinho e rotular e, muitas vezes, perdemos algo legal, porque estava lá dentro do potinho com o rótulo de que a gente não gosta.”
Apesar disso, inspirado em nomes como Rowan Atkinson (o Mister Bean), Chico Anysio (1931-2012) e Renato Aragão, ele confia em que ainda colherá bons frutos do gênero em que vem atuando. “Costumo brincar que sou da geração que ainda vai ver o Zorra virar cult, assim como está ocorrendo com a Escolinha do Professor Raimundo.”
O repórter viajou a convite da distribuidora Downtown Filmes
Em Um suburbano sortudo, que chega hoje a aproximadamente 500 salas brasileiras, o ator interpreta o camelô Denilson, que tem a vida transformada ao herdar uma fortuna milionária de seu desconhecido pai. Ele vive ainda quatro outros personagens, que contracenam entre si. Com um roteiro elaborado especialmente para Sant’anna, o longa, orçado em R$ 6 milhões, é o mais novo título no currículo do diretor Roberto Santucci (De pernas pro ar, Até que a sorte nos separe), atual midas da comédia brasileira.
A trama não é nenhuma novidade. Assim que o milionário empresário Damião (Stepan Nercessian) morre e seu testamento é revelado, o camelô Denilson, seu único filho biológico, fruto de um caso até então secreto com uma faxineira, herda todo o patrimônio. Pegas de surpresa, as ex-esposas Narcisa (Cláudia Alencar) e Gogóia (Guida Viana) e o enteado Luiz Otávio (Victor Leal) começam a armar várias tramoias para destituir o suburbano de sua nova fortuna. No meio dessa confusão, surge um romance entre Denilson e Sofie (Carol Castro), outra enteada do falecido, mas que destoa da ganância de seus antagonistas.
De fácil absorção, a trama é recheada de piadas escatológicas e de cunho sexual; gírias de periferia; exploração de estereótipos; paródias; críticas à elite carioca e um confronto de realidades sociais opostas. Em suma, uma comédia popular, feita com o intuito de atrair a atenção (e as risadas) de espectadores contados aos milhões. “É um filme para o Rodrigo brilhar no cinema, com o mesmo tratamento que demos para a Ingrid (Guimarães; De pernas pro ar) e para o (Leandro) Hassum (Até que a sorte nos separe, O candidato honesto). Queríamos um humor que fosse o humor do Rodrigo”, afirma Santucci, que teve o ator como parceiro na autoria do roteiro.
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O trabalho chamou a atenção de Renato Aragão, que levou Sant’anna para participar da Turma do Didi. Em pouco tempo, a veia suburbana do ator passou a ser explorada também no Zorra total, com personagens que abusavam da linguagem, dos modos e das referências que o ator trouxe consigo da periferia. Com Santucci, ele teve a oportunidade de levar essa fórmula para a telona.
“Como aprendi a ser suburbano antes de ser ator e como sempre fiz um trabalho mais autoral, é difícil fazer essa separação entre eu mesmo e o personagem. Como suburbano, gostaria que falassem disso que a gente fala aqui”, diz Sant’anna, defendendo a ideia de que o “povão” gosta de rir. Sua preocupação foi mostrar um Denilson autêntico, que representasse bem a realidade de onde veio o personagem, ainda que algumas piadas soem exageradas e até preconceituosas.
“Quem é autêntico fala o que pensa, independentemente de parecer preconceituoso. O Denílson é um sacana, mas que, ao mesmo tempo, te protege. O que ele defende é que todos sejam tratados com respeito, independentemente de cor, orientação sexual etc. Por isso, ele diz que de “lá de onde eu venho não existe isso, de ‘policialmente’ correto”.
RÓTULOS Os demais personagens que ele interpreta no longa são a mãe, a tia, o tio e a prima de Denilson. Em uma das cenas, quase todos eles estão presentes contracenando entre si, ao melhor estilo Eddie Murphy, em O professor aloprado. Com essa e outras estratégias batidas da comédia de massa, elenco e direção confiam em um bom resultado de bilheteria. Por outro lado, a pouca aceitação do gênero entre a crítica ainda é algo que incomoda seus realizadores.
“Existe um preconceito contra esse humor que a gente faz. Parece que é um humor menor”, queixa-se o ator. Na opinião dele, a segmentação e a rotulação são prejudiciais ao espetáculo. “A gente tem mania de colocar tudo dentro de um potinho e rotular e, muitas vezes, perdemos algo legal, porque estava lá dentro do potinho com o rótulo de que a gente não gosta.”
Apesar disso, inspirado em nomes como Rowan Atkinson (o Mister Bean), Chico Anysio (1931-2012) e Renato Aragão, ele confia em que ainda colherá bons frutos do gênero em que vem atuando. “Costumo brincar que sou da geração que ainda vai ver o Zorra virar cult, assim como está ocorrendo com a Escolinha do Professor Raimundo.”
O repórter viajou a convite da distribuidora Downtown Filmes