Prestes a completar 25 anos de sua primeira aparição nos quadrinhos, o anti-herói Deadpool acaba de ganhar seu primeiro filme solo, com lançamento cercado de expectativas conflitantes por grande parte dos fãs. Se por um lado o mercenário tagarela, embalado pela contagiante e bem sacada música Shoop, do trio Salt-N-Pepa, destruía tudo em um vertiginoso e animador trailer, por outro, a lembrança da parceria Marvel/Fox e seus irregulares filmes ainda causava certa apreensão.
Menos conhecido do grande público do que seus companheiros da Marvel, como Homem Aranha, Vingadores e X-Men, Deadpool conta a história de Wade Wilson (Ryan Reynolds), um mercenário que descobre ter um câncer terminal e, buscando a cura, acaba por fazer parte de um experimento secreto que o transforma em Deadpool.
saiba mais
Diretor Tom Hooper acerta o tom em 'A garota dinamarquesa'
Ator Rodrigo Sant'anna estreia no cinema com 'Um suburbano sortudo'
Antes mesmo da estreia, 'Deadpool' garante sequência
Marvel anuncia quadrinhos "Deadpool vs Gambit", que terá arte de brasileiro
Deadpool é o cara: entenda por que filme sobre anti-herói é triunfo da Marvel
A classificação indicativa para maiores pode até vender menos pipoca, mas, ao mesmo tempo, possibilitou uma maior liberdade criativa aos três. Para os que conhecem o personagem nos quadrinhos, a sua propalada “quebra da quarta parede” (quando o personagem ficcional rompe a barreira do meio em que está e interage de maneira direta com o espectador), funciona muito bem no cinema.
Os exemplos são vários. Antes de entrar em ação, Deadpool pede que a trilha sonora seja ligada, depois divaga sobre fatos corriqueiros em meio a um espetacular acidente automobilístico e, após uma sequência de extrema destruição, faz comentários de como o diretor utilizaria o recurso de afastar a câmera, passando de um plano em detalhe para um plano geral e, assim, mostrar a monumentalidade da ação.
Antes de ser simplesmente um filme de heróis, Deadpool é uma comédia que tem como grande virtude não se levar muito a sério, fazendo graça e abrindo fogo com uma saraivada de piadas de maneira impiedosa, muitas vezes contra o próprio gênero e seus surrados clichês.
ATRIZ BRASILEIRA
Em Nova York, onde vive e grava suas participações na série Gotham, protagonizada pelo marido, Ben McKenzie, a atriz brasileira Morena Baccarin, de 36 anos, se prepara para dar o maior pulo da carreira, ao experimentar a superexposição de integrar um blockbuster baseado em personagens de HQ. A partir de hoje, ela estará nas telonas em Deadpool.
Morena interpreta Vanessa Carlysle, uma prostituta que conheceu o anti-herói quando ele era apenas um mercenário com mais humor do que o necessário. Encontram-se em um bar e a relação de ambos se constrói, curiosamente, em uma competição para determinar qual deles teve a infância mais difícil. “É divertido que a dinâmica dos dois seja construída dessa miséria”, afirma ela.
Por mais que não seja um longa de amor, é a relação entre Wade Wilson (que posteriormente assume o nome de Deadpool) e Vanessa a responsável por dar o fio narrativo à trama. Quando descobre ter um câncer terminal, Wilson abandona Vanessa e ingressa em um projeto que prometia curá-lo. No fim, seu corpo se tornou capaz de se reconstituir, mas deformou o rosto do herói (ou melhor, anti-herói).
O filme faz piadas com todos, inclusive personagens da Marvel e da Fox, estúdio que detém os direitos de Deadpool, X-Men e Quarteto fantástico. “É uma produção interessante, justamente por isso”, ela defende. “O longa não tem medo de ofender personagens, não existe barreira. Ninguém está a salvo. Não é um filme de super-herói.”
Morena não interpreta a moça indefesa. “Pelo contrário, ela está brava com Wilson, porque ele a largou”, diz. “É uma personagem diferente. Ela é forte, sexy, engraçada. E, ainda assim, há algo de sombrio nela. Vanessa não teve uma vida fácil, também não permite que isso a deixe abatida. Ela não é uma dama indefesa que precisa ser salva. É bem diferente daquele estereótipo da garota bonita dos filmes.” (Pedro Antunes, Estadão Conteúdo)