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'Deadpool': um super-herói que sabe rir de si mesmo

O primeiro filme solo com o anti-herói da Marvel é uma comédia que brinca com os clichês dos filmes de ação

Valf

Criado pela Marvel, Deadpool é a persona que surge quando um mercenário busca tratamento para um câncer - Foto: FOX/DIVULGAÇÃO

Prestes a completar 25 anos de sua primeira aparição nos quadrinhos, o anti-herói Deadpool acaba de ganhar seu primeiro filme solo, com lançamento cercado de expectativas conflitantes por grande parte dos fãs. Se por um lado o mercenário tagarela, embalado pela contagiante e bem sacada música Shoop, do trio Salt-N-Pepa, destruía tudo em um vertiginoso e animador trailer, por outro, a lembrança da parceria Marvel/Fox e seus irregulares filmes ainda causava certa apreensão.

Menos conhecido do grande público do que seus companheiros da Marvel, como Homem Aranha, Vingadores e X-Men, Deadpool conta a história de Wade Wilson (Ryan Reynolds), um mercenário que descobre ter um câncer terminal e, buscando a cura, acaba por fazer parte de um experimento secreto que o transforma em Deadpool.

O filme tinha a difícil tarefa de transpor para a tela grande um dos personagens mais fora dos padrões do universo dos super-heróis. Para isso, duas apostas foram feitas. Um diretor estreante em longas e a classificação para maiores de 18 anos nos EUA (16 anos no Brasil). A direção ficou a cargo de Tim Miller, animador e fã declarado de histórias em quadrinhos, que uniu forças com os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick, dupla que trabalhou junto em Zumbilândia.

A classificação indicativa para maiores pode até vender menos pipoca, mas, ao mesmo tempo, possibilitou uma maior liberdade criativa aos três. Para os que conhecem o personagem nos quadrinhos, a sua propalada “quebra da quarta parede” (quando o personagem ficcional rompe a barreira do meio em que está e interage de maneira direta com o espectador), funciona muito bem no cinema.

Os exemplos são vários. Antes de entrar em ação, Deadpool pede que a trilha sonora seja ligada, depois divaga sobre fatos corriqueiros em meio a um espetacular acidente automobilístico e, após uma sequência de extrema destruição, faz comentários de como o diretor utilizaria o recurso de afastar a câmera, passando de um plano em detalhe para um plano geral e, assim, mostrar a monumentalidade da ação.

Antes de ser simplesmente um filme de heróis, Deadpool é uma comédia que tem como grande virtude não se levar muito a sério, fazendo graça e abrindo fogo com uma saraivada de piadas de maneira impiedosa, muitas vezes contra o próprio gênero e seus surrados clichês.

 

 

 

ATRIZ BRASILEIRA 

 

Em Nova York, onde vive e grava suas participações na série Gotham, protagonizada pelo marido, Ben McKenzie, a atriz brasileira Morena Baccarin, de 36 anos, se prepara para dar o maior pulo da carreira, ao experimentar a superexposição de integrar um blockbuster baseado em personagens de HQ.

A partir de hoje, ela estará nas telonas em Deadpool.

Morena interpreta Vanessa Carlysle, uma prostituta que conheceu o anti-herói quando ele era apenas um mercenário com mais humor do que o necessário. Encontram-se em um bar e a relação de ambos se constrói, curiosamente, em uma competição para determinar qual deles teve a infância mais difícil. “É divertido que a dinâmica dos dois seja construída dessa miséria”, afirma ela.

Por mais que não seja um longa de amor, é a relação entre Wade Wilson (que posteriormente assume o nome de Deadpool) e Vanessa a responsável por dar o fio narrativo à trama. Quando descobre ter um câncer terminal, Wilson abandona Vanessa e ingressa em um projeto que prometia curá-lo. No fim, seu corpo se tornou capaz de se reconstituir, mas deformou o rosto do herói (ou melhor, anti-herói).

O filme faz piadas com todos, inclusive personagens da Marvel e da Fox, estúdio que detém os direitos de Deadpool, X-Men e Quarteto fantástico. “É uma produção interessante, justamente por isso”, ela defende. “O longa não tem medo de ofender personagens, não existe barreira. Ninguém está a salvo. Não é um filme de super-herói.”

Morena não interpreta a moça indefesa. “Pelo contrário, ela está brava com Wilson, porque ele a largou”, diz. “É uma personagem diferente. Ela é forte, sexy, engraçada. E, ainda assim, há algo de sombrio nela.
Vanessa não teve uma vida fácil, também não permite que isso a deixe abatida. Ela não é uma dama indefesa que precisa ser salva. É bem diferente daquele estereótipo da garota bonita dos filmes.” (Pedro Antunes, Estadão Conteúdo)

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