No dia em que a barragem da Samarco se rompeu, em 5 de novembro de 2015, a atriz mineira Gorete Milagres estava em sua casa, em São Paulo, e recebeu uma mensagem da sobrinha, que estuda em Mariana, palco da tragédia. “Fiquei assustada e horrorizada. Quando a TV começou a mostrar as imagens, é que fui me dar conta da tristeza e da dramaticidade daquilo”, recorda.
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Depois de uma semana percorrendo cidades de Minas Gerais, como Mariana, Governador Valadares, Resplendor e o distrito de Bento Rodrigues, além de Regência, no Espírito Santo, onde as águas do Rio Doce se encontram com o mar, os dois decidiram transformar aquelas imagens em um documentário. “Fiquei tão triste e revoltada com o que vi. Não imaginava que, de perto, a realidade seria muito mais cruel. Então, falei para mim mesma: preciso fazer alguma coisa. Não posso ficar calada diante disso. A gente editou e criou esse documentário de 19 minutos mostrando como o rio e as pessoas estão, após dois meses do ocorrido”, conta.
FAXINA “Não tem faxina e água sanitária que deem conta de tanta lama. Ô, coitado desse povo!”, lamenta a personagem em um dos trechos do curta. No entanto, há momentos de seriedade e muita tristeza. “Toda vez que conversava com alguém que está passando por isso, os olhos dessa pessoa lacrimejavam. Também cheguei a me emocionar bastante”, relata.
A reação ao filme, disponibilizado na internet, fez Gorete se animar a legendá-lo em inglês. A Da Terra Brasil Foundation, organização sem fins lucrativos, dedicada a arrecadar fundos para assistência e desenvolvimento de projetos sociais no Brasil, quer exibir Rio Doce – 60 dias depois em um evento em Nova York. Como ainda há muito material guardado, a intenção de Gorete e Pugliese é postar no canal da atriz no YouTube (onde o filme foi publicado) pílulas com depoimentos de moradores que ainda estão sofrendo com a lama. “Minha meta a partir de agora é conscientizar as pessoas por meio da Filomena e mostrar que o errado pode ser consertado. A Filó é muito popular e fala para um público que precisa ser esclarecido. Tenho que fazer algo com ela que seja de utilidade pública”, afirma.
O próximo projeto é um vídeo, também ao lado de Domenico Pugliese, sobre a questão do agrotóxico no Brasil e de alimentos geneticamente modificados. “Já estou fazendo o roteiro, pesquisando bastante. É um assunto muito sério, que nos afeta em vários aspectos.”
DOAÇÕES
No documentário Rio Doce – 60 dias depois, Filomena chama a atenção para que cada um faça a sua parte e está promovendo uma campanha na internet por doação de água mineral para as populações locais. Os interessados em ajudar podem acessar o site: vakinha.com.br/vaquinha/soso-valadares-etapa-ii