“A crise chegou. Sentimos o impacto dela, mas conseguimos reverter a situação”, diz. O impacto impôs cortes, cobrou criatividade, simplificação nas atividades e trouxe o risco da diminuição do evento. “Por isso encerramos a 19ª edição com o sentimento de missão cumprida. Avançamos, continuamos surpreendendo as pessoas, dando acesso e pensando a produção nas diferentes regiões do Brasil”, afirma Raquel, citando que foram exibidos filmes de 13 estados na 19ª edição, que termina hoje.
A coordenadora da Mostra de Tiradentes pontua que “realizar um festival de cinema no interior é muito distinto de fazê-lo em capital que já tem infraestrutura montada. Implica montar estrutura completa, inclusive transporte dos participantes”.
“Tela grande, no interior do Brasil, é novidade. O grande show musical chega às cidades, de alguma forma os livros estão nas bibliotecas, existem alguns museus. E o cinema, onde fica nesse contexto? Temos um mundo enorme a trabalhar em Minas e, se pensarmos no Brasil, maior ainda”, argumenta. Ela não defende criação de mais festivais (“Hoje o desejo de todas as prefeituras”), mas sim mostras itinerantes.
Para Raquel, a Mostra de Tiradentes conseguiu se firmar no calendário nacional de festivais porque “a cada edição renova o diálogo com as forças constitutivas”. “Somos um dos poucos festivais que discutem a estética”, observa.
Sem especificar os planos para a edição comemorativa dos 20 anos do festival, em 2017, a coordenadora diz apenas que está sendo discutida uma nova mostra que trabalha, transversalmente, os temas presentes nos eventos abrigados no projeto Cinema sem Fronteiras: a Mostra de Tiradentes, em janeiro, dedicada à produção contemporânea; a de Ouro Preto, em junho, sobre cinema e patrimônio; e a de Belo Horizonte, em outubro, debatendo o mercado.
. O repórter viajou a convite da 19ª Mostra de Tiradentes