Os festivais de cinema têm um bom futuro, apesar do advento dos smartphones e dos tablets, avalia o diretor da Berlinale, Dieter Kossilick, que ainda acredita no atrativo da grande tela em um mundo que vive muito depressa.
No ano passado, foram vendidas e distribuídas cerca de 500 mil entradas para a Berlinale, o único grande festival que permite ao grande público assistir a todas as projeções.
O responsável afirma estar convencido de que o fenômeno do "binge watching" - maratonas de séries ou filmes normalmente de uma mesma saga pela televisão - desencadeará uma recuperação do apetite pelo cinema em grande formato, por filmes "que tomam seu tempo para contar uma história completa".
Aproveitando a onda de popularidade das séries, o festival apresentará também na grande tela produções televisivas danesas, britânicas, americanas e israelenses.
Aos olhos de Kosslick, os festivais não estão condenados a desaparecer, posto que os cinéfilos necessitam da atmosfera das estrelas, lantejoulas e almofadas vermelhas.
A Berlinale também exibirá o novo filme dos irmãos Coen, Ave César, e projetará longa metragens, fora e dentro da competição, com grandes nomes em cartaz como Colin Firth, Nicole Kidman, Jude Law, Emma Thompson, Don Cheadle, Kirsten Dunst, Gérard Depardieu e Adam Drive.
O 'fator' Meryl Streep
Uma seleção de documentários, assim como uma grande diversidade de línguas e culturas, também estarão presentes na vasta seleção de filmes chineses, belgas, franceses, neozelandeses, americanos e tunisianos, entre outros. Outro fator que atrairá o público, do qual Kosslick não esconde seu orgulho, será a presença de Meryl Streep, três vezes ganhadora do Oscar, como parte do jurado do festival nesta edição.
"Meryl Streep foi convidada do festival em várias ocasiões. Quando recebeu o 'Urso de Ouro' pelo conjunto da carreira, em 2012, disse-me que gostaria de ficar mais tempo em Berlim", comentou. "Sem dúvida, para o diretor de um festival, isso queria dizer: 'peça-lhe!'. Ela poderia ter dito não, mas tivemos sorte", comemora.
Em sua opinião, sua vinda também está relacionada com a reputação da Berlinale por se tratar de um festival comprometido, como foi demonstrado no ano passado, quando o principal prêmio foi para "Taxi", do iraniano Jafar Panahi, um filme realizado apesar da proibição das autoridades.
"Se você conhece sua carreira (de Meryl Streep), saberá que é uma atriz comprometida, por isso é possível que ela diga que não é um festival ruim para sua primeira vez na presidência de um jurado", acrescenta Kosslick. Por outro lado, o diretor alemão admite que os festivais também devem fazer todo o possível para corrigir as desigualdades entre homens e mulheres no mundo da sétima arte.
Somente dois dos 18 filmes na competição nesta Berlinale foram dirigidos por mulheres. Ademais, nenhum dos grandes festivais contam com mulheres na direção.
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