Filmado em 2014, Mãe só há uma foi selecionado para a mostra Panorama do Festival de Berlim, que será realizado de 11 a 21 de fevereiro.
“Olha, é tudo muito louco, já que não sei como consegui fazer esse filme. Foi meio no susto, é uma produção bem menor, de adolescente. Que horas ela volta? era mais popular, este é mais provocativo”, afirma a diretora.
A narrativa é centrada em Pierre, jovem de classe média com um cotidiano comum entre a escola, os amigos e sua banda de rock. Certo dia, a polícia chega em sua casa e a vida muda radicalmente. Exame de DNA comprova que Pierre não é filho daquela que julgava ser sua mãe. A mulher é presa. O garoto se vê forçado a trocar de mãe, de casa, de escola e de nome.
“É um filme sobre identidade. Depois de trocar de nome e de família, ele acaba entrando na questão da troca de gênero”, continua Anna. O protagonista, selecionado por teste, é Naomi Nero, de 17 anos, sobrinho do ator Alexandre Nero. “Ele tem um irmão transgênero, então conhece muito do assunto”, explica a cineasta.
Matheus Nachtergaele interpreta o pai do protagonista e Dani Nefussi, as duas mães do garoto. Anna rodou Mãe só há uma em 2014, enquanto finalizava Que horas ela volta?. “Durante as viagens (do filme anterior) é que montei o filme.” A nova produção é bem menor do que a anterior: enquanto o longa protagonizado por Regina Casé custou R$ 4 milhões, o novo filme teve orçamento de R$ 1,8 milhão.
“São dois filmes completamente diferentes, mas o sucesso do anterior facilitou muito a entrada deste (em Berlim). Só que a expectativa é outra”, diz ela.
AMAZONAS
A mostra Panorama ainda selecionou outros brasileiros: a ficção amazonense Antes o tempo não acabava, de Sérgio Andrade e Fábio Baldo, e o documentário Curumim, de Marcos Prado, sócio de José Padilha e diretor do premiado Estamira.
A presença brasileira será marcada também por um curta, Das águas que passam, de Diego Zon, e Zona Norte, de Monika Treut, produção alemã filmada no Rio de Janeiro.