Cheryl Boone Isaacs afirmou que está "de coração partido e frustrada com a falta de inclusão" de atrizes e atores negros na lista de indicados ao Oscar, que terá os vencedores anunciados em 28 de fevereiro, apesar de considerar importante reconhecer o valor do trabalho dos que foram indicados. "Esta é uma discussão difícil, mas importante, e é tempo de grandes mudanças", afirma Issacs em um comunicado.
Desde que assumiu a presidência da Academia em 2013, Cheryl Boone Issacs estimula a diversidade, mas ela admitiu que "a mudança não chega tão rápido quanto desejamos". "Devemos fazer mais, melhor e mais rápido", afirmou.
Na segunda-feira (18/1), o aclamado cineasta Spike Lee, que já foi indicado duas vezes ao Oscar, anunciou que vai boicotar a premiação, que pelo segundo ano consecutivo tem apenas brancos indicados nas categorias de interpretação.
"Como é possível que, pelo segundo ano consecutivo, os 20 aspirantes das categorias de atuação (protagonistas e coadjuvantes) sejam todos brancos? E isso sem falar nas outras categorias. Quarenta atores em dois anos e nada. Não somos bons atores?", escreveu Lee em uma carta aberta publicada no Instagram.
Em uma atitude separada, a atriz Jada Pinkett Smith (esposa de Will Smith) anunciou em um vídeo que também não assistirá à premiação. "Implorar reconhecimento ou inclusive pedir nos tira dignidade e poder, e nós somos um povo digno e poderoso", afirmou.
"Hey, Chris", completou, em referência ao apresentador do Oscar em 2016, o humorista negro Chris Rock, "não estarei na premiação da Academia e nem vou assistir, mas não posso imaginar ninguém melhor para fazer este trabalho este ano que você, amigo. Boa sorte".
Após o anúncio dos nomes dos concorrentes, a ausência evidente de atores e diretores negros iniciou uma onda de críticas nas redes sociais e deu origem à hashtag #OscarsSoWhite ("Oscar tão branco", na tradução do inglês).
A Academia está constituída por 6.000 membros, sendo 94% brancos e a maioria homens, enquanto os negros e latinos representam cerca de 2%, segundo o jornal Los Angeles Times.
Lee, que recebeu no ano passado um Oscar honorário por sua carreira como diretor e ator, chamou a atenção dos executivos que dirigem os estúdios de Hollywood pela ausência de minorias na competição pelo Oscar.
"Gente, a verdade é que não estamos nesses estúdios. E até que as minorias não estejam, os indicados ao Oscar continuarão sendo brancos como leite", escreveu.