Se em 2015, Birdman ou (A inesperada virtude da ignorância) levou dois troféus (roteiro e ator para Michael Keaton), O regresso, novo longa-metragem do mexicano, levou três prêmios – incluindo o mais importante, de melhor filme em drama. A (esperada) consagração de Leonardo DiCaprio (aplaudidíssimo de pé) pelo papel de um explorador que, no início do século 19, deixado para morrer no gelado inverno do Velho Oeste, não só sobrevive como busca se vingar daqueles que mataram seu filho, é um prenúncio do que pode ocorrer na próxima quinta-feira, quando serão anunciados os indicados ao Oscar.
Ainda que os prêmios do Globo de Ouro não tenham ingerência alguma no prêmio maior da indústria (os votantes são outros e o período de votações já terminou), os troféus de O regresso, o primeiro drama de época do cineasta – e que que estreia no Brasil em 4 de fevereiro –, já abrem caminho para uma invariável campanha do Oscar.
À exceção deste, os principais vencedores da noite levaram cada dois troféus. Ironicamente, Perdido em Marte, de Ridley Scott, levou os prêmios de melhor filme e ator (Matt Damon), mas na categoria comédia. Mesmo que o filme tenha muito mais piadas do que ficções científicas importantes (Gravidade e Interestelar), a categoria é um tanto desencontrada.
Comendo pelas beiradas, Steve Jobs, que chega ao Brasil também nesta quinta, levou os prêmios de roteiro e atriz coadjuvante (Kate Winslet). Na seara do cinema, os perdedores foram Carol, de Todd Haynes, que com o maior número de indicações (cinco ao todo) foi para casa sem nenhum prêmio. Spotlight: segredos revelados, de Tom McCarthy, foi outro que saiu de mãos abanando.
HUMOR, ESTRANHO HUMOR
Em 2015, a premiação ocorreu uma semana após os ataques ao Charlie Hebdo, em Paris. Na época, Hollywood havia sofrido um ataque de hackers. Tais questões foram levadas para o palco da festa. Na deste ano, a despeito dos tempos vividos em todo o mundo, Hollywood só olhou para o próprio umbigo. Menos quando Leonardo DiCaprio fez um apelo, durante seu agradecimento, pedindo respeito aos povos indígenas.
No mais, era Hollywood celebrando a si própria com direito a muito champanhe, como comprovou uma empolgadíssima Taraji P. Henson ao receber o troféu de melhor atriz em série dramática por Empire. E ainda com Ricky Gervais como apresentador, as piadas (algumas muito boas, outras para além do infame) foram duras. Ben Affleck (que não estava presente) deve ter bufado ao ouvir do comediante britânico que Matt Damon era a única pessoa a quem o astro não havia traído (e Damon, ao subir ao palco, estava um pouco desconcertado).
Diante disso – e do não discurso de Denzel Washington, ator homenageado da noite, que não sabia o que fazer no palco e não disse coisa com coisa – um dos momentos realmente marcantes foi a consagração de Sylvester Stallone como melhor ator coadjuvante por... Rocky Balboa. Símbolo do intérprete com pouco cérebro e muito músculo, Sly, visivelmente emocionado, arrancou os aplausos mais empolgados da noite pelo papel que repete em Creed – Nascido para lutar (outra produção que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta). O agradecimento maior foi para Rocky, seu “amigo imaginário”.
NAS TELINHAS
Como a televisão tem o Emmy, ela chega ao Globo de Ouro como prima pobre (outra das piadas de Ricky Gervais). Bem, para os do lado de cá do Equador, ficou a frustração de não ver Wagner Moura no palco, embora o próprio brasileiro apostasse em Jon Hamm, que se despediu definitivamente de Don Draper em Mad men.
Nem Moura, tampouco Narcos. A série norte-americana sobre o nascimento do narcotráfico, e que em sua primeira temporada focaliza a trajetória de Pablo Escobar (que Moura afirmou ter sido seu papel mais difícil), é cria de José Padilha (diretor de Tropa de elite). Mas perdeu para Mr.
Falando em TV sem TV, o prêmio mais badalado foi o de melhor atriz em minissérie para a não atriz Lady Gaga por American horror story: Hotel. Merecido, como bem apontou a ruidosa plateia.
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