Luiz Carlos Merten
Em Cannes, no ano passado, houve um evento da Pixar para promover Divertida mente.
Para o espectador que agora assiste ao filme, é curioso ver como O bom dinossauro tem um crédito de direção (Peter Sohn) e outro de conceito e criação de personagens (Bob Peterson). O segundo era o diretor original, mas foi substituído depois de empacar no terceiro ato da história. Foi preciso a intervenção de todo o “brain storm team” da Pixar para que o filme, finalmente, fosse concluído.
Lasseter chegou a dizer que Sohn salvou o dinossauro fictício (e animado) da destruição ao transformar a aventura pré-histórica num faroeste. Isso passa pela construção dramática que faz com que a casa de Arlo, o dinossauro teen, seja uma fazenda não muito diferente daquela a que chegava o mitológico Shane em Os brutos também amam, de George Stevens, com aqueles cumes nevados ao fundo.
Antes de falar sobre O bom dinossauro, vale destacar o complemento – o curta Os heróis de Sanjay, de Sanjay Patel.
O longa, também, mas talvez se destine mais ao público adulto, aos pais, que às crianças. Na primeira sessão pública a que o repórter assistiu, elas ficaram muito inquietas. Houve choro. “De cara”, Arlo revela-se um ‘garoto’ medroso. A perda do pai só acentua suas inseguranças. Ele se perde no mundo e passa a hora e meia seguinte tentando voltar para casa – o tema por excelência de Hollywood, de ...E o vento levou a E.T.
No caminho, encontra/adota o “menino” humanoide. Será uma jornada de superação para ambos. O filme fala de morte, daquilo que se ganha e se perde com o amadurecimento. Há uma despedida de cortar o coração, como a de Shane. O bom dinossauro pode muito bem ser a mais densa e emocional animação da Pixar. (Estadão Conteúdo).