No lugar de sugerir um direcionamente teatral, a limitação espacial é apenas mais um estímulo para um exercício cinematográfico pleno, bastante multiangular, movimentado, sonoro e musical. Mesmo quando são formados por textos longos, os diálogos fluem com a oralidade dos bons contadores de causos, reforçada por personalidades aprofundadas na medida certa pelo equilíbrio entre a interpretação dos atores e a caracterização visual das figuras humanas. Ao mesmo tempo, as mentiras e as falsas identidades são peças fundamentais para o domínio sobre o espectador, que não pode confiar em tudo o que vê, pois sempre haverá novos pontos de vista a serem revelados (há três pontuais desconstruções da linearidade narrativa).
Os oito odiados confirma que o cinema tarantinesco é genial não por causa das colagens de referências, exageros, catrevagens ou explosões gráficas, mas pelo senso anedótico com que conduz as emoções das mais diferentes plateias.