Pois o tema de Labirinto é realmente importante, por mais que a realização do diretor Giulio Ricciarelli não esteja à sua altura. O filme passa-se na Alemanha do pós-guerra, quando o país vivia seu milagre econômico. Em 1978, vale lembrar, Rainer Werner Fassbinder iniciou, com O casamento de Maria Braun, uma trilogia sobre a Alemanha, naqueles anos de reconstrução. Depois fez Lili Marlene, Lola e até um quarto filme que dialogava com o período, O Desespero de Veronika Voss.
Ricciarelli retoma essa mesma época, mas em outra chave.
Pois, para mostrar que o nazismo é coisa do passado e a vida política alemã, a par da econômica, também está normalizada, não há muito interesse, das próprias autoridades, em escavar nesse passado comprometedor, que pode atingir figuras importantes em novos postos de comando. Só que Johann/Alexander Fehling não se intimida pelas dificuldades que encontra. A maior delas é o que se pode definir como ‘conspiração do silêncio’. Pode ser difícil de acreditar, mas ele - e outras pessoas próximas - nunca ouviram falar de campos de extermínio como Auschwitz.
Johann fica obcecado e o que deveria ser o trampolim para o seu crescimento profissional vira o oposto - uma porta para o desmoronamento. Sua vida íntima e profissional começa a ruir, e para metaforizar o que ocorre com o personagem o diretor vale-se de um recurso tão didático quanto ingênuo. Um terno roto.
Ricciarelli nasceu em Milão e iniciou a carreira de ator na Itália. Tornou-se roteirista e diretor na Alemanha. Precisa melhorar muito para sonhar com o Oscar. O Holocausto estará melhor representado no prêmio por O Filho de Saul, da Hungria. .