

Dando potência ao personagem, observa o diretor para lá de agradecido, estão os atores. “Adoro eles. Vão tecendo a narrativa, entendendo a história. É muito bonito como eles chegam despidos, como entregam a alma deles a você”, analisa. O novo filme, continua o diretor, dialoga com o caminho aberto em Casa de Alice. “Ausência também vasculha os sentimentos, o improvisar na vida, é introspectivo. Só que é mais duro, mais sem saída”, observa. E também nasceu da observação das pessoas nas ruas das metrópoles.
O cinema entrou na vida de Chico Teixeira quando, ainda criança, assistia aos desenhos animados. Depois, o pai comprou pequena filmadora e máquina de edição, mas a vivência, conta, acabou ficando esquecida. Formado e pós-graduado em economia, hospeda, na casa dele, um amigo repórter de TV. “Pedi para ver as gravações e fiquei doido. Era o que queria fazer”, recorda. Foi pesquisador, assistente de direção e produtor – “uma lástima, distraído, esquecia datas”. A estreia foi com o documentário Favelas (1989), um curta que, junto a Criaturas que nasciam em segredo (1995) e Carrego comigo (2000), considera reveladores do cinema que faz.
O terceiro longa-metragem, já em projeto, conta Chico Teixeira, vai ser Dolores. “É sobre mulher muito independente, de 66 anos, mãe, avó, linda, cobiçadíssima, viúva de um homem e separada de outro. Aposentada, gosta de forró, cerveja, de conversar. E há muita solidão no meio disso tudo”, conta. Sentimento que, assim como os conflitos com a filha, criam a atmosfera que caracteriza a obra do diretor: filmes tensos, barra-pesada, dramáticos. “Mas é tristeza bonita. A vida da gente é dura”, observa. “Faço cinema, exclusivamente, pela possibilidade de falar da alma, da sensibilidade. Lidar com histórias dos outros é mergulho bacana dentro de você mesmo”, garante.