O Forumdoc vai até dia 29, com quase uma centena de filmes, brasileiros e de outros países, em diversos espaços da capital mineira, a começar por “Olhar – Um ato de resistência”, com curadoria de Andréa Tonacci. Já a mostra “Olney São Paulo (1936–1978)” tem curadoria de Ewerton Bellico. Carla Italiano, também coordenadora do Forumdoc, destaca a programação de documentários, “um modo de criação que precisa ser defendido” e que, segundo ela, hoje opera transitando nas fronteiras entre o registro etnográfico, a ficção, a arte e as novas tecnologias.
A presença da cineasta Arlene Bowman em Belo Horizonte registra inclusive o fato de que foi entre os navajos norte-americanos que, pioneiramente, ainda nos anos 1960, a câmera foi passada para realizadores indígenas. Ação que se difundiu por todo o mundo e que, no Brasil, existe há 25 anos, desenvolvida pelor projeto Vídeo nas Aldeias.
“Foi uma mudança de perspectiva que trouxe o olhar da própria comunidade sobre o mundo indígena e formou nova geração de realizadores”, explica Júnia Torres. Os diretores indígenas, ressalta Júnia, inclusive já venceram os festivais de Gramado e de Brasília, além divulgar seus trabalhos na internet. “São filmes que se impuseram pela qualidade estética, com enfoque mais aprofundado e melhor compreensão dos aspectos sociais, o uso da própria língua e uma narrativa envolvente.
A apresentação da produção de cinema das comunidades indígenas, recorda Júnia Torres, é tradição no Forumdoc, que desde a segunda edição vem apresentando os trabalhos. “A novidade em 2015 é que estamos apresentando um panorama continental do realizado nas Américas”, frisa. A programação inclui encontros abertos ao público com realizadores indígenas, entre os dias 23 e 27, no Cine 104, com 20 diretores brasileiros e seis de outros países. O objetivo é a troca de experiências e a divulgação dessa produção pouco conhecida.
Contemporâneos
A mostra contemporânea vai contar com 16 filmes brasileiros e 11 estrangeiros, selecionados entre 600 obras inscritas. “O festival tem peneira fina, somos rigorosos na seleção”, brinca Júnia Torres. O critério usado na escolha dos filmes foi a articulação entre forma e conteúdo. “Interessa-nos ver o modo como os diretores procuram mobilizar o público”, observa. “O cinema pode aproximar os povos, trazer mais compreensão entre as culturas e ser veículo forte de expressão para povos que não têm outra forma de expressão”, conclui, defendendo a necessidade da diversidade cultural.
19ª Forumdoc – Festival do Filme Documentário e Etnográfico
Desta quinta ao dia 29, no Cine Humberto Mauro, Cine 104 e no Câmpus Pampulha da UFMG, e Circuito forumdoc.bh. Informações: www.forumdoc.org.br. Entrada franca.