Prótese cutânea, peruca, moldes faciais de silicone e 22 horas de disposição para ajustes de maquiagens renderam a Depp os ares do verdadeiro Bulger que, consultado pela produção, não quis saber de proximidade com o projeto de cinema adaptado do livro Whitey: The life of America’s most notorious mob boss, assinado pelos jornalistas Gerard O´Neill e Dick Lehr. Olhos azuis, possibilitados por estranhas lentes de contato, e um cabelo ensebado completam a figura, no cinema, de Bulger, de “ar vampiresco”, como sublinhou o The New York Times.
Entre as futuras indicações ao Oscar, com lista a ser divulgada apenas em janeiro, pelo que muitos suspeitam, Johnny Depp já teria o nome assegurado como melhor ator, por Aliança do crime. “Indicação já seria o suficiente”, desconversou Depp, publicamente. Para a BBC, durante a realização do Festival de Londres, o ator disse que não quer “uma coisa dessas” (leia-se, o Oscar). O motivo da declaração seria a conhecida resistência de o astro se expressar desprovido de personagens diversificados. “Não quero ter que falar”, sentenciou o ator que deu vida ao homem que supostamente carrega nas costas 19 assassinatos.
“Existe um lado de Bulger que não diz respeito ao mundo dos negócios”, destacou Depp que, aos 52 anos, soube relativizar a “pessoa demoníaca” atrelada ao retratado, que já se comportou com faceta de psicopata.
Entrosamento
Diretor do novo filme com Johnny Depp, Scott Cooper já dirigiu performance de Jeff Bridges premiada com o Oscar, em Coração louco (2009). Ele comentou, no Los Angeles Times, que compartilha de sensibilidades de Depp, em termos de filmes, literatura e música. Entrosado com o crime, entre os anos de 1971 e 1994, James “Whitey” Bulger colaborava com agentes do FBI, paralelamente à extorsão, à exploração de jogos de azar e a comércio de drogas. Isso obrigou Scott a salientar o acordo junto aos estúdios de cinema, de que se concentraria em “humanos que eram criminosos” (e não o contrário).
Ainda que aplicasse nuances de lealdade à sua comunidade e à mãe, como uma pessoa familiar e amorosa, o Bulger criado por Depp não reina entre unanimidade. A veia fantasiosa do enredo ligado ao criminoso de origem irlandesa foi relatada por envolvidos indiretos, ao jornal The Guardian. Braço direito do criminoso, Kevin Weeks critica Depp ao ressaltar que o ator estava fazendo um “novo Chapeleiro Maluco”.
Outro que não endossa êxito é o advogado Hank Brennan, que não viu claramente no filme os arranjos obscuros por meio de manipulações do governo federal norte-americano, a princípio bem empenhado na captura, por meio de delações feitas por Bulger, de parte da máfia italiana. Alheio aos desdobramentos, Depp apostou no talento, desprezando até apontamentos do roteiro. “Tudo, na interpretação, deve ser muito mais orgânico do que seguir e ser condicionado pelas anotações”, concluiu.
» Indicações de Depp ao Oscar
Piratas do Caribe: A maldição do Pérola Negra (2004)
» Nesta época da indicação ao Oscar, ninguém poderia prever o êxito do personagem Jack Sparrow, que ele personifica na aventura: dos seis títulos que renderam grande bilheteria para o astro, nos Estados Unidos, quatro deles integram a franquia de piratas.
Em busca da Terra do Nunca (2005)
» A vida do dramaturgo e escritor britânico J. M. Barrie, que deu vida no papel aos consagrados tipos de Peter Pan, é encenada com grande sensibilidade por Depp. Na fita, o personagem se encontra com a família que o intrigou ao ponto da criação da obra-prima literária.
Sweeney Todd: O barbeiro demoníaco da Rua Fleet (2008)
» Ator fetiche do diretor Tim Burton, Depp deita e rola, cantando e assustando, na pele do pirado e vingativo barbeiro.
Confira outras caracterizações marcantes de Hollywood
Nicole Kidman vive uma das mais famosas atrizes da era clássica de Hollywood, Grace Kelly. O longa retrata os primeiros anos do casamento da princesa de Mônaco. Os figurinos precisos, que trazem o glamour da década de 1960, fazem com que o público acredite, brevemente, ver Grace Kelly na tela.
Jennifer Lawrence vive Joy Mangano, uma das mais bem-sucedidas empreendedoras dos Estados Unidos. Apesar das críticas quanto à diferença de idade entre intérprete e personagem, Lawrence está cotada para concorrer ao Oscar, em 2016.
O longa dirigido por F. Gary Gray conta a história do grupo de rap americano Niggaz Wit Attitudes. O’Shea Jackson, Jr. interpreta Ice Cube, Corey Hawkins dá vida a Dr. Dre e Jason Mitchell encarna Eazy-E. A forma como os atores assimilaram os trejeitos e a atitude dos rappers conquistou crítica e audiência, tornando o filme um dos mais bem-sucedidos do gênero.
A performance de Michael Fassbender como o icônico fundador da Apple, Steve Jobs, é uma das mais aguardadas por cinéfilos. Fassbender tem sido amplamente elogiado pela crítica internacional.
O filme se passa no oeste dos EUA, no século 19. Leonardo DiCaprio dá vida ao caçador Hugh Glass, uma das figuras mais emblemáticas entre os exploradores americanos. Quando Glass é atacado por um urso e abandonado pelos colegas caçadores, precisa lutar pela vida, enquanto planeja vingança contra John Fitzgerald (Tom Hardy)..