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Constrangimento recorrente

Johnny Depp minimiza a sina de estrelar filmes medianos ou fracassos retumbantes

Apesar do exagero na caracterização, ator surpreende em 'Aliança do crime'

Carolina Braga
Ator vem seguindo em uma maré de filmes que não surpreendem - Foto: Warner/Divulgação
Desde que encarnou Jack Sparrow na série Piratas do Caribe – o último foi em 2011 –, Johnny Depp nunca mais conseguiu um papel que não fosse um mico completo. Como James “Whitey” Bulger, em Aliança do crime, ele minimiza a má fase iniciada com Diário de um jornalista bêbado (2011), passando por O cavaleiro solitário (2013), Caminhos da floresta (2014) e, ápice do equívoco, Mortdecai: a arte da trapaça (2015). Observar o quão diferente ele está é o melhor dessa produção.


Baseado em fatos, o filme, que estreia hoje nos cinemas, recupera duas décadas de atuação da máfia em Boston, onde Whitey era líder absoluto entre 1970 e 1980. Irmão do senador Billy Bulger, interpretado por Benedict Cumberbatch, ele aceitou ser informante do FBI. Usou a proteção do órgão de segurança para expandir a área de atuação. Sob a alegação de lealdade ao amigo de infância, Whitey contou com a “ajuda” do arrogante investigador John Connolly (Joel Edgerton).



O longa dirigido por Scott Cooper (foi ator em Austin Powers – O agente Bond cama) segue à risca o manual do filme de gângster. Mortes a sangue-frio, ameaças e articulações. No entanto, Aliança do crime é uma obra construída em camadas.

O embate entre mocinho e bandido está em primeiro plano. Em paralelo, há um tímido ensaio de apresentar o homem por trás das barbáries. Mostrar Whitey  como pai e filho dedicado é uma tentativa de humanizar o protagonista, mas não cola. São informações que no fim das contas não fazem diferença no comportamento frio do bandido, por mais que essa seja a defesa do roteiro.

Johnny Depp faz o que pode para reforçar a fama de mau de Whitey. Está de parabéns pela atuação, mas a caracterização do personagem é exagerada demais. Whitey era careca e tinha olhos azuis. A versão dele na ficção fica parecendo um vampiro de tanta maquiagem. Como o irmão do protagonista, Benedict Cumberbatch (vencedor do Oscar por O jogo da imitação) cumpre o protocolo.

Além de poucas, as mulheres no elenco são insignificantes para a trama. Respectivamente, como namorada e mulher de Whitey e Connely, Dakota Johnson (Cinquenta tons de cinza) e Julianne Nicholson (Álbum de família) contribuem pouco. Nem no quesito emoção.

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