Ana Paula Arósio volta à cena em 'A floresta que se move', releitura de Shakespeare

Longe da TV desde 2010, atriz retorna em longa dirigido por Vinícius Coimbra e garante: ''tô aqui!''

Mariana Peixoto 05/11/2015 08:00
Aline Arruda/Eh! Filmes/Divulgação
Ana Paula Arósio durante o lançamento, em SP, do filme 'A floresta que se move', de Vinicius Coimbra (foto: Aline Arruda/Eh! Filmes/Divulgação)
São Paulo
– “Não sumi, gente. Tô aqui”, foi o que mais repetiu Ana Paula Arósio na última semana, durante a batelada de entrevistas para promover A floresta que se move. Adaptação de Vinicius Coimbra para Macbeth, de Shakespeare, o longa-metragem que chega hoje a 100 salas do país foi o responsável por fazer a atriz voltar a trabalhar.


Na verdade, a responsável foi Lady Macbeth. “Quando veio a proposta para fazer esse filme, uma coisa tão pontual e depois de um tempo (sem trabalhar), até brinquei: Será que vou dar conta?. Mas quando me apaixono por uma personagem, tenho que fazer. Graças a Deus isso não acontece tão amiúde, já que estou me dando um tempo para pensar no que realmente me dá prazer”, acrescentou a atriz.

Longe do cinema e da TV desde 2010, quando desistiu da novela Insensato coração, Ana Paula vive com o marido, o cavaleiro Henrique Plombon Pinheiro, no interior da Inglaterra. “Qual a chance de fazer Shakespeare no cinema no Brasil? Dá um tesão muito grande. Esse filme resgatou meu amor pelo ofício”, contou ela.

Depois de adaptar Guimarães Rosa (Augusto Matraga, de 2011, mas que chegou ao circuito comercial há apenas dois meses), Coimbra, diretor formado na Globo (fez a minissérie JK e as novelas Celebridade e Paraíso tropical), resolveu se dedicar a um dos textos mais conhecidos do dramaturgo inglês. Seu Macbeth é contemporâneo. Elias (Gabriel Braga Nunes), executivo de um dos maiores bancos privados do Brasil, tem relação estreita com o presidente do conglomerado, Heitor (Nelson Xavier). Certo dia, Elias se depara com uma bordadeira misteriosa (Juliana Carneiro da Cunha), que lhe diz que ele se tornará vice-presidente ainda naquele dia e presidente do banco no seguinte. Muito impressionado, conta a história a Clara (Ana Paula Arósio), sua mulher. Impressionada, ela sugere ao marido convidar Heitor para jantar em casa naquela noite.

 

 

 

POLICIAL Filmada em 2014 no Uruguai, trata-se de uma releitura policial nada realista de Macbeth, que manteve algumas falas do original. Para Coimbra, adaptar pela segunda vez um texto clássico não chega a ser ousadia. “O brasileiro acredita que a gente sabe fazer drama na televisão, mas no cinema é só comédia. A questão é: a gente faz cinema com dinheiro do público, não para os amigos. Vou deixar de filmar por causa do Roberto Santos (diretor da celebrada adaptação de Matraga, em 1965) ou do Orson Welles (que interpretou e dirigiu Macbeth, em 1948)? O público nem conhece essas histórias...”, afirmou.

O elenco, por sinal, tampouco se intimidou com Shakespeare. “O texto não é importante, o que importa são as situações. Uma vez que elas estão bem compreendidas, o texto deixa de ser uma questão, mesmo sendo Shakespeare. São personagens que atiram em diversas direções e questionam as próprias atitudes. Nesse sentido, é um barato trabalhar”, contou Gabriel Braga Nunes.

O filme custou R$ 3,5 milhões – além disso, R$ 700 mil foram reservados para o lançamento. Ana Paula Arósio se envolveu tanto com o projeto que foi a Paris assistir com Vinicius Coimbra a uma montagem do Théâtre du Soleil de Macbeth – Juliana Carneiro da Cunha, que já havia assinado com a produção, interpretava uma das bruxas do texto original.

Por ora não há outros projetos. A atriz fica no Brasil para acompanhar o marido em uma série de provas e depois volta para a Inglaterra. “Foi incrível filmar, mas continuo fazendo uma coisa de cada vez. Não vou atropelar mais, não é bom para a minha saúde”, conclui Ana Paula.

A repórter viajou a convite da 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

NOVO RICO


Em A floresta que se move, o veterano ator Nelson Xavier (D) teve a oportunidade de estrear num texto de Shakespeare. “Pela primeira vez me chamaram para o papel de uma pessoa rica. Foi muito estimulante fazer um clássico da traição, viver o poder. Meus personagens sempre foram o oposto disso”, comentou Xavier, que interpreta o mentor do personagem de Gabriel Braga Nunes (E).

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