Cinema

Sucesso na TV paga, 'Vai que cola' chega à telona com o desafio de repetir performance

Personagens trocam o Meier pela Zona Sul, mas as trapalhadas suburbanas continuam dando o tom

Helvécio Carlos

O boa-vida Valdomiro Lacerda (Paulo Gustavo), quem diria, vai voltar para o Leblon. Mas fica a dica para os fãs do seriado Vai que cola, exibido pelo canal pago Multishow, que chega nesta quinta-feira aos cinemas: não será desta vez que o malandro se dará bem na Zona Sul. Andrada (Márcio Kieling), o sócio que o forçou a se “exilar” numa pensão no Meier depois de um golpe fracassado, reaparece com o convite irrecusável para que Valdomiro reocupe sua antiga cobertura, na badalada Avenida Delfim Moreira.


Valdo só não esperava voltar ao tão desejado paraíso acompanhado de dona Jô (Catarina Abdalla), a dona da pensão suburbana, Ferdinando (Marcus Majella), Terezinha (Cacau Protásio), Jéssica (Samantha Schmutz), Máicol (Emiliano d’Avila), Velna (Fiorella Mattheis) e Wilson (Fernando Caruso). Para piorar, o picareta Andrada não se regenerou.

Os perrengues e as aventuras que transformaram a série em um dos grandes sucessos da TV paga brasileira continuam na telona, mas a linguagem cinematográfica trouxe novidades. “Na televisão, nosso processo é muito mais rápido, ágil. Fazemos um programa por dia. No cinema, conseguimos construir uma identidade visual com melhor acabamento da narrativa. Ou seja: uma história com começo meio e fim. Fizemos isso sem tentar copiar o que já foi exibido”, afirma César Rodrigues, o Cezinha, diretor do longa e da série de TV. Rodar o filme, orçado em R$ 7 milhões, foi o caminho natural depois de duas temporadas de sucesso no Multishow. Dia 19, a terceira vai ao ar.



TV ABERTA A atriz Catarina Abdalla aprovou a adaptação para a telona. “Cinema cria possibilidades, e esses desdobramentos engrandecem os personagens”, resume. Ela e Rodrigues concordam que o programa não é produto para a televisão aberta. “Temos muita liberdade, enquanto a TV aberta segue o caminho do politicamente correto. Mesmo quando tenta discutir de maneira mais abrangente, é muito racionalizada. Nós não racionalizamos”, observa o diretor.

“Vai que cola funcionaria bem na televisão aberta”, discorda Fernando Caruso. “Mas ali não ficaríamos à vontade para criar. As limitações e os balisadores são outros. Na TV a cabo, arriscamos tudo”, pondera Cezinha. Algumas cenas do longa mantêm o clima de naturalidade da televisão, com os atores conjugando da melhor forma o verbo to play.

Um dos momentos mais engraçados do filme é quando Valdo dá uma rasteira em Ferdinando durante um passeio pela praia. “Fizemos um plano sequência longo, mas estava corretíssimo, até demais. Pedi para repetirem. Paulo Gustavo voltou e deu a rasteira no Majella, que estabacou na areia. Valdo justifica a ação dizendo que queria ficar sozinho na tela. Isso é a cara do Valdomiro e do Paulo Gustavo. Foi possível graças à intimidade entre os dois atores”, elogia o diretor.

AFOGAMENTO
Cacau Protásio é outra que, literalmente, se jogou na cena em que a personagem Terezinha quase morre ao “estrear” na praia do Leblon. “Não quero saber de posição de câmera. Fingir afogar é difícil, mas me permiti afogar. Iemanjá foi tão legal comigo, que bastou entrar no mar para virem algumas ondas”, conta. Enfrentar o desafio não foi fácil. “Saí da água muito cansada, tonta. Afogar cansa”, brincou a atriz, provocando gargalhadas dos colegas de elenco.

Se o clima parece ser de pura diversão, Catarina Abdalla garante: seja no cinema ou na TV, Vai que cola é para os bravos. “É muita ralação na hora de gravar. Não somos especiais, mas existe uma energia bacana ali e ela fez com que Vai que cola...”, comenta, interrompida por Fernando Caruso:  “Colasse”. Logo em seguida, o humorista aconselha à colega: “Diz isso aí para garantir as aspas dos jornalistas”.

O repórter viajou a convite da H2O Filmes