Cinema

'Medo do escuro': filme de terror é exibido com trilha sonora executada ao vivo em BH

Banda de quatro músicos acompanha projeção de longa do cearense Ivo Lopes Araújo

Shirley Pacelli

O filme surgiu assim: de uma brecha na agenda do requisitado diretor de fotografia cearense Ivo Lopes Araújo. Nos últimos dois anos ele trabalhou nas produções de Tatuagem, Depois da chuva, O homem das multidões, A cidade onde envelheço, fora alguns curtas e uma série. Medo do escuro é o respiro, um gesto de Ivo de se jogar em uma vivência enriquecedora e despretensiosa com pessoas queridas. O universo pós-apocalíptico do longa produzido pela Alumbramento, e assinado pelo cearense, será exibido nesta semana, em Belo Horizonte, com trilha sonora executada ao vivo.


Sem orçamento ou roteiro, o trabalho em equipe foi fundamental. O rockeiro e amigo Jonnata Doll, protagonista do longa, acabou sendo o ponto de partida para a história. “Quando resolvi fazer o filme com ele já veio essa carga pós-apocalíptica. E ele gosta de ficção”, explica Ivo. O Centro de Fortaleza, onde mora, foi outra inspiração: muitos prédios abandonados, em ruínas. “Parece denúncia, mas não é. Adoro coisa velha, me relaciono com isso no dia a dia”, diz. Assim, desenrolou-se a ideia do homem solitário que vaga errante entre os escombros de uma cidade, onde encontra outros poucos habitantes.

A produção foi filmada em 15 dias. Para criar o mundo apocalíptico “meio anos 80”, como brinca o diretor, foi preciso um trabalho grande de arte, especialmente de figurino e maquiagem. “Adoro filme de fantasia, de terror. Me interessa essas outras possibilidades. O deslocamento da realidade”.


A marcação da narrativa é sutil, se dá pela aproximação da imagem, clima e acúmulo de sensações. “Não é aquele longa de ‘edital’. Tem todas as imperfeições e assimetrias. Não há fala. Alguns arquétipos vem, voltam e relacionam entre si. Apostei em situações e o desencadeamento disso”, explica Ivo.


Durante as filmagens, um problema crucial – a impossibilidade de captar o som direto – acabou reafirmando a proposta de fazer toda a trilha depois das gravações. “Qualquer lugar tinha um motor, um avião passando. Só colocamos um som guia para lembrar das situações”, diz o diretor.


E é a experiência da execução da trilha ao vivo por quatro músicos, seguindo uma partitura, que dá vida ao longa. Ivo se diz alucinado pela possibilidade: “é outro mundo. Muda a forma de receber o filme. Como diretor eu ficava sentado, assistindo, meio sem ter o que fazer. Aprisionado”.


O medo e o friozinho na barriga batem antes de cada apresentação. Um defeito em um pedal pode pedir um improviso e gerar uma reação em cadeia de mudanças. A atividade transforma a relação do público com o filme. Cada sessão é única.

 

 

Além de promover a exibição do Medo do escuro pelo país, Ivo se prepara para dirigir outros filmes/performances. Em novembro, ele vai filmar um longa da Alumbramento, com Luiz e Ricardo Pretti, além de Pedro Diógenes. A temática? Um grupo de mulheres terroristas surrealistas. “É um filme que não é careta”, resume.

Medo do escuro
Exibição do filme de Ivo Lopes Araújo com trilha sonora executada ao vivo pelo diretor com os músicos Vitor Colares, Thaís de Campos e Uirá dos Reis.


Quarta-feira, 30, às 20h, no Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro, BH). Entrada gratuita com retirada de ingresso 30 minutos antes da sessão. Espaço sujeito a lotação.


Sexta-feira, 2, às 21h, no Cento e Quatro (Praça Ruy Barbosa, 104, Centro, BH). Entrada R$ 20/R$10 (meia entrada) em compras antecipadas até as 12h do dia 02/10; R$ 30/R$15 (meia entrada) na bilheteria no dia da apresentação. Vendas no local a partir de 16h30.

Mais informações pela página do filme no Facebook.