O lançamento nos cinemas de A pele de Vênus trouxe de volta o nome de Roman Polanski aos círculos cinéfilos. Afinal, ele teve o topete de adaptar um clássico da literatura numa situação minimalista. O clássico é A Vênus das peles, de Leopold Sacher-Masoch, cidadão austríaco do século 19, responsável pela introdução do termo masoquismo na cultura ocidental.
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Enquanto isso, se deseja refazer a trajetória de Polanski em seu aparelho de DVD, saiba que há muitas opções disponíveis. Garimpando lá e cá, encontram-se DVDs, para comprar ou para alugar, de praticamente todas as fases da carreira deste polêmico diretor nascido na Polônia e naturalizado francês.
Abaixo, pontos obrigatórios dessa trajetória:
O inquilino (1976). Um belo exemplar de suspense psicológico. O próprio Polanski interpreta Trelkovsky, polonês que vai morar em Paris e aluga apartamento num prédio habitado por idosos. O novo inquilino descobre que a locatária anterior era uma bela mulher que havia cometido suicídio. A partir de então, ideias mórbidas começam a se instalar em sua mente.
Repulsa ao sexo (1965). Para você ver que essa temática já era familiar a Polanski, ela está presente neste filme de 1965. Catherine Deneuve faz a jovem manicure assediada por um homem. Ela mora com a irmã e, quando esta parte em viagem, fica sozinha com suas obsessões. Também é um thriller psicológico, que explora os desvãos da mente e a repressão à sexualidade.
Tess (1980). Num dos seus exercícios estéticos mais apurados, Polanski conta a história da mocinha assediada e seduzida por um homem muito mais velho e rico. Nessa história de época, sobressai a beleza de Nastassja Kinski no papel de Tess.
A faca na água (1962). A bordo de um iate se estabelece um jogo de poder e sedução entre três personagens - um casal e homem. A disputa pela mulher, as contradições dos personagens, a eficácia da ação levaram este trabalho a ser indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Bebê de Rosemary (1968). Talvez o título mais famoso de toda a sua carreira, põe em cena a mulher grávida (Mia Farrow) que tem todas as razões para pensar que é vítima de uma conspiração literalmente diabólica. O marido é interpretado pelo diretor John Cassavetes. Ele faz um ator fracassado que, depois de celebrar um pacto com um casal idoso, vê sua carreira deslanchar. É arrepiante, até hoje.
O pianista (2002). Wladislaw Szpielman (Adrian Brody) é o pianista que testemunha a formação do Gueto de Varsóvia e a perseguição aos judeus durante a 2ª Guerra Mundial. Nessa história comovente, Szpielman é o único membro de sua família a escapar com vida do terror dos campos de concentração. Um dos melhores filmes da fase contemporânea de Polanski.
O Deus da carnificina (2011). Filme imediatamente anterior a Pele de Vênus e também baseado numa peça de teatro, de Yasmina Reza (a peça foi encenada também por aqui). Um casal visita outro porque os filhos brigaram na escola e os pais do agredido exigem reparação. Esse é ponto de partida para um desfile de baixezas e ambiguidades morais que mostram como ainda estamos distante de um padrão aceitável de civilidade. O elenco é de ponta: um dos casais é composto por Kate Winslet e Cristoph Waltz, e o outro por Jodie Foster e John C. Reilly.
Chinatown (1974). Brilhante neo-noir, com Jack Nicholson fazendo o detetive particular envolvido em cabulosa história de incesto e monopólio de água em Los Angeles. Faye Dunaway está fantástica. O grande cineasta John Huston vive seu pai, um milionário corrupto. E o próprio Polanski aparece numa ponta. Nicholson está em um dos seus grandes papéis, e atua quase o tempo todo com um curativo no nariz. Mas o forte do filme é o clima, estranho, nebuloso, intrincado.
Dança dos vampiros (1967). Polanski inova ao tratar o tema do vampirismo em registro cômico. Numa festa em castelo da Transilvânia, vampiros descobrem que há humanos infiltrados para exterminá-los. Polanksi também atua, como um tímido aprendiz de vampirismo. Também no elenco, Sharon Tate, então mulher de Polanski, assassinada pelo bando de Charles Manson, um dos crimes mais rumorosos dos anos 1960.
Lua de fel (1991). Baseado num romance do francês Pascal Bruckner, Lua de fel conta a história de um casal, Nigel e Fiona (Matt Dillon e Kristin Scott-Thomas), que tenta enfrentar o tédio do casamento num cruzeiro marítimo. Bem, o cruzeiro será qualquer coisa menos monótono, pelo menos a partir do momento em que conhecem uma francesa fogosa, Mimi (Emmanuelle Seigner, 25 anos mais jovem que em Pele de Vênus) e seu marido paraplégico, Oscar (Peter Coyote). Tensão sexual em grau máximo, como é do gosto de Polanski.