A fita segue invejável circuito de exibições internacionais, com participação no Festival Internacional de Chicago e em San Sebastián (Espanha), além de Montreal (Canadá).
Aos 36 anos, Aly — com a curiosa formação de ex-agente penitenciário formado em História pela USP — chega ao festival com outro filme na competitiva (o curta 'Tarântula', recentemente na programação do Festival de Veneza). “O debate com crítica e público é o que me interessa nos festivais, diante do retorno imediato. Como já apostei tudo o que tinha nas duas realizações, o momento é de relaxar”, observa.
Aly Muritiba, depois de experiências na Semana da Crítica do Festival de Cannes (com o curta 'Pátio') e da quase chegada à corrida, “com frisson”, do Oscar (por 'A fábrica'), percebe fluxo de influências mais indiretas no seu cinema.
Reconhecimentos, em nada, se mostram descartáveis. “Prêmios são importantes na medida em que chamam a atenção para os filmes”, demarca. Sem muitas normas de cinema, ele aposta mais em teor de criatividade.
“O que me alegra na produção brasileira é justamente fugirmos de padrões internacionais”, reforça o morador do Paraná que contou com plataforma internacional de engenharia para o desenvolvimento de 'Para minha amada morta'.
No longa-metragem, memórias afetivas se desmantelam por registros de imagens eletrônicas.
“Os aparatos tecnológicos são receptáculos e construtores de história. Desde o advento da escrita, o nosso acesso à memória é intermediado também pelo outro, e ainda por equipamentos que fragmentam vivências. O ponto de partida do filme é a contradição em traços de memória: acreditamos conhecer fatos e pessoas, mas prevalecem idealizações e projeções”, analisa o diretor.