A ideia ainda muito difundida que identifica o cinema francês a filmes de autor ou a temas engajados costuma ignorar a parcela de longas populares, feitos só para entreter, que a França, como todo o mundo, produz aos montes. 'Meu verão na Provença' pertence a esse gênero e busca um público semelhante ao de 'A família Bélier', com pequenos conflitos familiares que podem ser superados pela força do amor.
É o que 'Meu verão na Provença' propõe, incluindo no pacote o conceito de filme de férias. Os dois adolescentes que, ao lado do irmão surdo-mudo, viajam com a avó estão provisoriamente afastados da crise que pôs seus pais à beira de uma separação. Ao chegarem ao destino, encontram o avô ranzinza e têm de se adequar a um sujeito provinciano e antimoderno. O filme concentra em parte esse aprendizado dos afetos, as dificuldades em decifrar as camadas que alguns criam para se proteger.
A diretora e roteirista Rose Bosch opta, porém, por uma representação chapada: personagens não passam de tipos, como num capítulo de 'Malhação'. Há o jovem garanhão, a garota sexy e sonhadora, o bonitão mau-caráter, maduros que já foram jovens, libertários e maconheiros e nenhuma espessura além desse catálogo de “atitudes”. A indigência dos diálogos e o humor rasteiro são outros motivos que podem levar ao arrependimento de quem se sentir atraído por este made in France pronto para consumo global.
COTAÇÃO - RUIM