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O cinema da Fundaj, "casa" da produção pernambucana contemporânea, divulgou em nota nesta segunda, 31, uma decisão inédita na história da instituição: punir os diretores com um embargo a qualquer evento relacionado a seus filmes ou que conte com a presença dos dois. A punição tem validade de um ano. "É uma decisão duríssima. Não foi personalizada, não fui eu nem o Kleber. Foi uma determinação da instituição, que há mais de 60 anos se dedica à pesquisa e trabalha para tornar a sociedade brasileira mais igualitária", comenta Luiz Joaquim, que divide a curadoria do cinema com o diretor Kleber Mendonça e participou do debate como mediador. "A decisão foi no sentido de se colocar para a sociedade. Foi a forma mais direta de dizer que a Fundação não vai aceitar a intolerância."
Em relação à represália, Anna diz ter dois sentimentos: "como pessoa, acho humilhante para os meus amigos, mas como cidadã acho importante". Disse ainda que a medida serve para esclarecer onde começa o machismo. "Não é o caso de demonizar. A discussão muito maior."
Anna, que tem viajado muito na divulgação do filme, descreve situações similares fora do Brasil. "É uma questão nacional e mundial. Em Hollywood, as mulheres também estão falando. Não dá mais, as mulheres vão brilhar sim, não vão ficar em casa. E os homens têm que aprender a ficar na sombra, a ouvir, não só a falar", diz a diretora. "No início do cinema, quase só tinha mulher. Quando começou a dar dinheiro, foram expulsas. O mundo do dinheiro é masculino. Quando meu filme vendeu e cresceu, pequenas coisas passaram a me fazer sentir que sou intrusa. É como se ninguém soubesse muito bem como lidar comigo agora."