"Não há nada tão excitante e tão desafiador para mim, porque combina tudo o que eu amo: fotografia, design, atuação e música. Eu espero continuar trabalhando nesse caminho". A promessa de Sofia Coppola, feita há 15 anos no lançamento de 'Virgens suicidas', era de manter-se fiel ao cinema. À época com 28 anos, a filha do lendário Francis Ford estreava precocemente na direção de longas depois de assinar apenas um curta — 'Lick the star', 1998 — e o clipe de 'This here giraffe', dos Flaming Lips.
Em uma década e meia, o cumprimento da promessa rendeu a Sofia cinco longas, um Oscar e o reconhecimento de seu trabalho em paralelo à fama e influência do pai. A obra da diretora é tema da mostra '(des)Encontros com Sofia Coppola', entre 28 de agosto e 2 de setembro no Cine Humberto Mauro, que traz todos os filmes da norte-americana em cartaz com entrada franca.
Criada sob o peso e benefício do sobrenome, a experiência anterior como atriz não havia rendido bons frutos para Sofia, que fez a primeira aparição nas telonas ainda com um ano de idade. O filme era nada menos que 'O poderoso chefão' (1972) e a caçula dos Coppola vivia Michael Rizzi, sobrinho de Don Corleone cujo batismo é sucedido pela morte brutal do pai.
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A reviravolta veio definitiva por trás das câmeras e com a artista assumindo controle dos roteiros. Sucesso no circuito indie, 'Virgens suicidas' foi seguido do fenômeno mainstream de 'Encontros e desencontros' (2003). Com o drama estrelado por Bill Murray e Scarlett Johansson, Sofia viveu a rendição de seu Razzie ao conquistar um Oscar de Melhor roteiro e uma indicação ao Oscar de Melhor direção — tornando-se a terceira mulher a concorrer na categoria.
Já consagrada pela veia autoral, a cineasta manteve uma carreira concisa e esparsa. O estilo de Sofia Coppola, influenciado pelo equilíbrio de suntuosidade e crítica à burguesia do italiano Michelangelo Antonioni, é a única constante em produções que abordam a fragilidade de relacionamentos e o reflexo das armadilhas contemporâneas — consumismo, individualismo — nas interações humanas.
O terceiro longa, 'Maria Antonieta' (2006) conquistou o público e decepcionou a crítica ao aproximar a figura histórica da rainha francesa de uma juventude contemporânea, particularmente através da trilha sonora recheada de Strokes, New Order, The Cure e Gang of Four.
Relembre o trailer de 'Maria Antonieta':
As obras mais recentes trouxeram Coppola de volta à contemplação da luxuosidade e farsa no mundo dos ricos. 'Um lugar qualquer' (2010) sofreu comparações com 'Encontros e desencontros', mas consolidou a carreira da jovem Ellie Fanning como filha do astro de cinema vivido por Stephen Dorff. Já 'Bling ring' (2013) relê a história real de um grupo de ladrões adolescentes que invadia casas de pessoas famosas como Paris Hilton e Lindsay Lohan, em busca de readequar a celebridade das vítimas ao anonimato de suas próprias vidas.
(des)Encontros com Sofia Coppola
Mostra dos cinco longa-metragens assinados pela cineasta: 'Virgens suicidas' (1999), 'Encontros e desencontros' (2003), 'Maria Antonieta' (2006), 'Um lugar qualquer' (2010) e 'Bling ring' (2013). De 28 de agosto a 2 de setembro no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537 - Centro). Entrada franca com retirada de ingressos uma hora antes de cada sessão. Clique aqui para conferir datas e horários de cada filme. Mais informações: 3236-7400.