Escrito e dirigido por David Robert Mitchell, cria uma maldição ligada à sexualidade que, metaforicamente, se conecta com a sociedade de hoje. Toda a trama gira em torno de um mal que é transmitido de um ser humano para outro, e assim forma-se a corrente. É uma analogia das doenças sexualmente transmissíveis.
'Corrente do mal' flerta abertamente com a produção do gênero feita nos anos 1970 e 1980. É terror psicológico de categoria, cuja tensão está naquilo que não é obvio.
Jay (Maika Monroe), uma moça de 20 e poucos anos, leva uma vida normal, até que conhece Hugh (Jake Weary). O que aparentava ser um encontro romântico e uma transa adolescente dentro do carro se revela uma maldição. O rapaz é contaminado por um feitiço e só poderá ser curado quando passar o “vírus” para a frente. Uma vez amaldiçoada, Jay começa a ser perseguida por zumbis. Ou seja, para viver em paz, também precisa transar com parceiros variados.
Ela se recusa a fazer parte da corrente e conta com a ajuda de quatro amigos para se livrar da maldição. O jovem elenco, formado principalmente por rostos ainda pouco conhecidos em Hollywood, é homogêneo. A trilha sonora composta por Rich Vreeland é equilibrada, fundamental para pontuar a emoção de cada cena.
Apesar de tratar o sexo como elemento-chave do roteiro, Corrente do mal é bastante assexuado. As cenas de transa são insípidas. A nudez, quando há, passa longe da sensualidade. Os personagens chegam a se cobrir durante o ato, o que não deixa de ser inusitado – e repressor – para um filme que tem o sexo como chaga.
A câmera de Mitchell, pelos enquadramentos escolhidos, passa a sensação de que todos ali estão sendo observados. Como todo bom terror psicológico, a tensão está no vazio, o que é mais angustiante.