Cinema

Longa 'O Fim e os Meios' mostra corrupção e sexo na cúpula do poder

Filme busca 'redenção' no Rio Grande do Sul após perder prêmios em festival no Rio de Janeiro

Agência Estado

Filme concentra atenções nas corrupções do dia-a-dia que refletem nos altos cargos do poder público
Murilo Salles tem falado muito de seu novo longa, 'O Fim e os Meios', como um filme sobre as pequenas corrupções do cotidiano. No País das denúncias, é corajoso, além de ousado, que um diretor venha dizer no debate que é "um pouco bonzinho, um pouco corrupto, um pouco escroto como todo mundo". 'O Fim e os Meios' já concorreu na Première Brasil do Festival do Rio do ano passado. O júri de Gramado tem a chance de redimir o do Rio, outorgando a Cíntia Rosa o Kikito de melhor atriz. Bela, sexy, intensa, Cíntia faz o que o próprio diretor definiu como uma espécie de Anna Karenina. Pelo menos, foi o livro que ele lhe deu para ajudar na composição da personagem.


Cíntia faz Cris, jornalista política ambiciosa que acompanha o marido marqueteiro quando ele se muda para Brasília para fazer a campanha de reeleição de um senador de Alagoas. Pedro Brício é quem faz o marido, e todas as informações vão sendo desenroladas a partir do começo que desenha o marido como um fugitivo. Ele é alguém que se esconde. Só sabemos depois o por quê. A união começa por um fio -­ Brício desestruturou-se ao saber que Cris estava grávida - e ele passa boa parte do filme tentando consertar as coisas. Numa cena breve, ele junta duas camas de solteiro, obviamente expressando o desejo de selar o casamento. O problema é que Cris se envolve com o genro do senador. Enlouquece de desejo pelo personagem de Marco Ricca. Para complicar ainda mais, Brício é acusado de participar de um esquema corrupto e aí é tudo - vida, profissão, sentimentos - que se enreda para todo o mundo.

'O Fim e os Meios' estreia no começo de novembro. Até lá, a pauta/bomba que divide o Brasil já terá sido desarmada ou terá detonado. Vamos ver de que forma isso vai se refletir na apreciação do filme. A questão do sexo como afrodisíaco do poder que Salles engloba, é só o que falta na onda de denúncias que virou o feijão com arroz da imprensa diária. Mais premente agora é a pergunta que não quer calar: Cíntia e Hermila Guedes levam os Kikitos? A resposta sai no sábado. E nem falamos dos curtas. Herói, de uma dupla de estudantes de São Paulo, João Pedone e Pedro Figueiredo, está sendo o filme que realmente provocou mal-estar em Gramado. A ligação de um homem com cabeça de menino e a doméstica que abusa dele, mas toma consciência disso. Ela faz m... e o ato de defecar irrompe no filme de forma desconcertante. Herói estará no Festival de Curtas Kinoforum. Fique atento, porque poderá dar o que falar.