O material impressionou a banda, que, na época, integrava o casting da gravadora Warner. E Miranda não parou por aí. Convenceu os caras a ajudá-lo a montar um selo para lançar novos nomes. Nascia assim a Banguela Records, selo financiado pela Warner que durou pouco mais de um ano, mas tornou-se símbolo da geração que despontou naquele período.
Essa história foi registrada pelo jornalista Ricardo Alexandre (autor dos livros Dias de luta, sobre o rock 80, e da biografia de Wilson Simonal) no documentário 'Sem dentes: Banguela Records e a turma de 94', que será lançado hoje, com entrada franca, no CCCP.
“O Banguela traz o espírito da época. Como ele durou muito pouco, ficou cristalizado como uma fagulha inicial. As bandas (que foram lançadas pelo selo) misturam elementos da música brasileira com o rock internacional. O selo é uma iniciativa muito bem-sucedida do ponto de vista pop (pois lançou os Raimundos) e da crítica (com o Mundo Livre)”, comenta Ricardo Alexandre.
Além das duas bandas, o selo ainda lançou discos das bandas Little Quail, Maskavo Roots e Kleiderman, projeto paralelo dos Titãs. “A mentalidade do ‘faça você mesmo’ que existia entre 1991, 1992, permitiu uma descentralização. Na época, as bandas do Recife e de BH tiveram que se virar com as próprias pernas, pela falta de perspectiva de assinar contrato (com uma major)”, acrescenta o diretor. A iniciativa do Banguela fez florescer outras do gênero, como o selo Chaos, da Sony Music.
SEM DENTES: BANGUELA RECORDS E A TURMA DE 94
Lançamento do documentário de Ricardo Alexandre. Hoje, às 19h30, no CCCP, Rua Levindo Lopes, 358, Savassi. Entrada franca.