No começo do longa, o tal homem, Cameron (Mark Ruffalo), tem um grave ataque de nervos, é obrigado a deixar a mulher Maggie (Zoe Saldana) e as duas filhas pequenas e se mudar para um apartamento simples – apesar de pertencer a uma rica e tradicional família americana. Quando Maggie decide fazer faculdade em outra cidade, as filhas do casal vão morar com Cameron. A partir daí, o filme se concentra nas enormes dificuldades que um pai bipolar tem para criar as meninas – e como as adversidades do cotidiano o ajudam a enfrentar seu transtorno.
É um filme autobiográfico. A diretora Maya Forbes se baseou na história real de seu pai, Donald Cameron Forbes. Além disso, ela é interpretada no filme por sua filha na vida real. Maya quis fazer um retrato afetuoso do pai. E conseguiu. Mas, como efeito colateral, o resultado traz também uma visão edulcorada da bipolaridade. O Cameron de Mark Ruffalo (ator especializado em personagens desajustados e, talvez por isso, um tanto superestimado) é apresentado sobretudo como um excêntrico.
E a relação de Cameron com a mulher e as filhas tem episódios tumultuados, mas que sempre se encerram com demonstrações de fofura explícita. Em certos momentos, Maya parece endossar o título em português do filme, insinuando que bons sentimentos são suficientes para “curar” um transtorno gravíssimo. Mas de bons sentimentos o inferno do cinema está cheio.
'Sentimentos que curam' conta a história de amor de um homem bipolar
Filme é baseado na história do pai da diretora, Maya Forbes
'Sentimentos que curam' é mais do que a curiosa tradução brasileira para um título em inglês – no original, 'Infinitely polar bear' ( Infinitamente urso polar). É uma moral já pronta e embalada para o espectador. Porque é exatamente disso que o filme trata: um homem bipolar “salvo” pelo amor.