Cinema

'Sentimentos que curam' conta a história de amor de um homem bipolar

Filme é baseado na história do pai da diretora, Maya Forbes

Ricardo Calil

'Sentimentos que curam' se baseia na vida da diretora Maya Forbes
'Sentimentos que curam' se baseia na vida da diretora Maya Forbes
'Sentimentos que curam' é mais do que a curiosa tradução brasileira para um título em inglês – no original, 'Infinitely polar bear' ( Infinitamente urso polar). É uma moral já pronta e embalada para o espectador. Porque é exatamente disso que o filme trata: um homem bipolar “salvo” pelo amor.


No começo do longa, o tal homem, Cameron (Mark Ruffalo), tem um grave ataque de nervos, é obrigado a deixar a mulher Maggie (Zoe Saldana) e as duas filhas pequenas e se mudar para um apartamento simples – apesar de pertencer a uma rica e tradicional família americana. Quando Maggie decide fazer faculdade em outra cidade, as filhas do casal vão morar com Cameron. A partir daí, o filme se concentra nas enormes dificuldades que um pai bipolar tem para criar as meninas – e como as adversidades do cotidiano o ajudam a enfrentar seu transtorno.


É um filme autobiográfico. A diretora Maya Forbes se baseou na história real de seu pai, Donald Cameron Forbes. Além disso, ela é interpretada no filme por sua filha na vida real. Maya quis fazer um retrato afetuoso do pai. E conseguiu. Mas, como efeito colateral, o resultado traz também uma visão edulcorada da bipolaridade. O Cameron de Mark Ruffalo (ator especializado em personagens desajustados e, talvez por isso, um tanto superestimado) é apresentado sobretudo como um excêntrico.

E a relação de Cameron com a mulher e as filhas tem episódios tumultuados, mas que sempre se encerram com demonstrações de fofura explícita. Em certos momentos, Maya parece endossar o título em português do filme, insinuando que bons sentimentos são suficientes para “curar” um transtorno gravíssimo. Mas de bons sentimentos o inferno do cinema está cheio.