O Portal UAI inaugura nesta quinta-feira, 18, a sessão #EstreiaDaSemana, com análises descontraídas dos filmes que são destaque na programação de cinema. A bola da vez é 'Divertida mente', nova empreitada da parceria Disney/Pixar que comprova como a animação é o gênero de maior qualidade na produção atual dos EUA.
Confira a opinião de Carolina Braga:
Já não é do feitio da Pixar dar bolas fora. Mas um gol tão redondo e bonito como Divertida mente há um bom tempo não aparecia. É mais uma reafirmação do estúdio, parte do império Disney, de que animação não é só para crianças. Se Toy Story 3 (2010) está – imune ao tempo – nas graças dos veteranos, o novo longa é um reforço de peso nessa vertente.
Divertida mente prova que é possível trabalhar ideias complexas e abordar o universo da psicologia sem deixar de ser engraçado e emocionante. Ainda faz isso construindo uma aventura tão fantástica quanto crível, com direito a passeios pela ilha da imaginação, paradinhas no universo dos sonhos e uma linda homenagem ao cinema.
O diretor Pete Docter (Toy story, Up – Altas aventuras, Wall-E) e seus colegas roteiristas tiveram a sacada de fazer do que consideram as emoções básicas do ser humano as protagonistas desta história. Alegria (dublada no Brasil por Miá Mello), Tristeza (Katiuscia Canoro), Raiva (Léo Jaime), Medo (Otaviano Costa) e Nojinho (Dani Calabresa) habitam a mente da garotinha Riley.
Desde o momento em que a menina nasce, as criaturas estão ativas, numa espécie de nave-mãe do controle mental. O filme começa com um prólogo que está mais para um pequeno manual de funcionamento. Fala-se sobre o papel das emoções na formação da personalidade, das memórias e o peso que elas têm na vida de cada um. Tudo como se fosse um jogo.
Alegria, responsável pela felicidade de Riley, é quem, em geral, fica no comando. É o otimismo à frente do joy-stick. Vez ou outra, é inevitável o revezamento no posto com um dos colegas.
Divertida mente exibe alinhamento conceitual e técnico. Ao mesmo tempo em que maneja elementos teóricos do campo da psicanálise, é lúdico na representação de aspectos do inconsciente e que, por natureza, constituem-se como uma abstração. Os desenhos trazem uma representação bem colorida de imagens que, a priori, são construções individuais e intransferíveis. Você já parou para pensar que cara a sua alegria tem? E o medo?
A trama se alterna em duas principais dimensões. No plano da realidade, acompanhamos o cotidiano de Riley – as descobertas do mundo infantil, a escola, o início da adolescência, e os sentimentos que a mudança de cidade com a família provocam nela.
A aventura se dá no plano mental, quando Alegria e Tristeza se perdem no inconsciente e precisam encontrar uma maneira de voltar juntas para a sala de comando. Desnorteadas em meio a tantas memórias – boas e ruins –, recebem a ajuda do amigo imaginário de Riley, um elefante feito de algodão-doce cor-de-rosa.
Passar por aquele labirinto é o mesmo que amadurecer. Ninguém será feliz a vida inteira, tampouco eternamente triste. Alegria precisou aprender que ela depende da Tristeza. São e serão inseparáveis. À medida que crescemos, vamos lidando com esse mix de emoções que nos formam, ou, como o filme mostra, estão literalmente no nosso comando.
Mesmo passando por questões delicadas, como é o caso da depressão, o roteiro não deixa o ritmo nem a graça se perderem. Se esses momentos fazem parte da vida, Pete Docter e toda a equipe da Disney Pixar souberam fantasiar o real com inteligência, sensibilidade e, sobretudo, diversão para todas as idades. Cheio de metáforas e com personagens extremamente simpáticos, Divertida mente revela como é complexo envelhecer. Isso vale para o corpo e para a mente.
Fundamentos
O terapeuta canadense Eric Berne foi um dos responsáveis pela criação da abordagem psicológica conhecida como Análise transacional. Ele defendeu como emoções básicas do ser humano alegria, tristeza, medo, raiva e afeto. O filme faz uma adaptação e troca o afeto pela Nojinho (Dani Calabresa), uma personagem que serve mais à trama do que para manter a fidelidade à teoria. Digamos que seria uma licença poética, ou melhor, divertida. A Nojinho e sua relação com o brócolis garantem boas risadas.
Confira a opinião de Carolina Braga:
Já não é do feitio da Pixar dar bolas fora. Mas um gol tão redondo e bonito como Divertida mente há um bom tempo não aparecia. É mais uma reafirmação do estúdio, parte do império Disney, de que animação não é só para crianças. Se Toy Story 3 (2010) está – imune ao tempo – nas graças dos veteranos, o novo longa é um reforço de peso nessa vertente.
Divertida mente prova que é possível trabalhar ideias complexas e abordar o universo da psicologia sem deixar de ser engraçado e emocionante. Ainda faz isso construindo uma aventura tão fantástica quanto crível, com direito a passeios pela ilha da imaginação, paradinhas no universo dos sonhos e uma linda homenagem ao cinema.
O diretor Pete Docter (Toy story, Up – Altas aventuras, Wall-E) e seus colegas roteiristas tiveram a sacada de fazer do que consideram as emoções básicas do ser humano as protagonistas desta história. Alegria (dublada no Brasil por Miá Mello), Tristeza (Katiuscia Canoro), Raiva (Léo Jaime), Medo (Otaviano Costa) e Nojinho (Dani Calabresa) habitam a mente da garotinha Riley.
Desde o momento em que a menina nasce, as criaturas estão ativas, numa espécie de nave-mãe do controle mental. O filme começa com um prólogo que está mais para um pequeno manual de funcionamento. Fala-se sobre o papel das emoções na formação da personalidade, das memórias e o peso que elas têm na vida de cada um. Tudo como se fosse um jogo.
Alegria, responsável pela felicidade de Riley, é quem, em geral, fica no comando. É o otimismo à frente do joy-stick. Vez ou outra, é inevitável o revezamento no posto com um dos colegas.
Divertida mente exibe alinhamento conceitual e técnico. Ao mesmo tempo em que maneja elementos teóricos do campo da psicanálise, é lúdico na representação de aspectos do inconsciente e que, por natureza, constituem-se como uma abstração. Os desenhos trazem uma representação bem colorida de imagens que, a priori, são construções individuais e intransferíveis. Você já parou para pensar que cara a sua alegria tem? E o medo?
A trama se alterna em duas principais dimensões. No plano da realidade, acompanhamos o cotidiano de Riley – as descobertas do mundo infantil, a escola, o início da adolescência, e os sentimentos que a mudança de cidade com a família provocam nela.
A aventura se dá no plano mental, quando Alegria e Tristeza se perdem no inconsciente e precisam encontrar uma maneira de voltar juntas para a sala de comando. Desnorteadas em meio a tantas memórias – boas e ruins –, recebem a ajuda do amigo imaginário de Riley, um elefante feito de algodão-doce cor-de-rosa.
Passar por aquele labirinto é o mesmo que amadurecer. Ninguém será feliz a vida inteira, tampouco eternamente triste. Alegria precisou aprender que ela depende da Tristeza. São e serão inseparáveis. À medida que crescemos, vamos lidando com esse mix de emoções que nos formam, ou, como o filme mostra, estão literalmente no nosso comando.
Mesmo passando por questões delicadas, como é o caso da depressão, o roteiro não deixa o ritmo nem a graça se perderem. Se esses momentos fazem parte da vida, Pete Docter e toda a equipe da Disney Pixar souberam fantasiar o real com inteligência, sensibilidade e, sobretudo, diversão para todas as idades. Cheio de metáforas e com personagens extremamente simpáticos, Divertida mente revela como é complexo envelhecer. Isso vale para o corpo e para a mente.
Fundamentos
O terapeuta canadense Eric Berne foi um dos responsáveis pela criação da abordagem psicológica conhecida como Análise transacional. Ele defendeu como emoções básicas do ser humano alegria, tristeza, medo, raiva e afeto. O filme faz uma adaptação e troca o afeto pela Nojinho (Dani Calabresa), uma personagem que serve mais à trama do que para manter a fidelidade à teoria. Digamos que seria uma licença poética, ou melhor, divertida. A Nojinho e sua relação com o brócolis garantem boas risadas.