Cameron Crowe com certeza viu 'O Aventureiro do Pacífico'. Roqueiro de carteirinha, ex-repórter da Rolling Stone - basta lembrar-se de 'Quase Famosos' -, ele paga tributo ao Homero de Hollywood. O que isso tem a ver com 'Sob o Mesmo Céu/Aloha', que estreou na quinta, 11? Nada, porque o filme não é uma refilmagem. Tudo, porque dependendo da sensibilidade e do grau de informação do cinéfilo, todo Ford, que estava em 'O Aventureiro do Pacífico', está em 'Sob o Mesmo Céu'.
Nem todo mundo concorda, mas 'American Sniper', o melhor filme do Oscar, era a releitura, por Clint Eastwood, do clássico 'Rastros de Ódio', de Ford. A tragédia de um individualista pelo mestre criador das epopeias de grupos. Clint, o grande, viu em Bradley Cooper o John Wayne de sua geração. Cameron Crowe o ratifica. Em 'Sob o Mesmo Céu', Bradley volta para o seu grande amor, mas Rachel McAdams não o esperou. Casou-se com outro. Ele vem numa missão diplomática/econômica - para adquirir direitos sobre as terras dos nativos. Ganha uma auxiliar, Emma Stone.
Ela o acompanha no território sagrado dos havaianos. Garoto, Bradley olhava o céu, em plena conquista do espaço. Agora, o filho menino de Rachel o toma pela encarnação de um deus havaiano que veio fechar um ciclo e promover uma explosão no céu.
'Sob o Mesmo Céu' é um daqueles filmes que parecem pequenos, sem muita ambição, mas é engano. Crowe está falando de homens (e mulheres) e sobre homens e deuses. Eddie Redmayne pode ter ganho todos os prêmios do ano, mas ninguém pode ser o melhor ator (por 'A Teoria de Tudo') e o pior (por 'O Destino de Júpiter') no mesmo ano. Bradley foi excepcional como american sniper e é de novo excepcional como (mais uma vez!) John Wayne. Comédia (romântica?), 'Sob o Mesmo Céu' é muito mais.