Em abril de 1942, Ingrid Bergman, então uma jovem atriz sueca de 26 anos, em ascensão em Hollywood, ainda tentava adaptar-se à nova vida americana, com o marido, Petter, e a filha Pia, de 3 anos. Ela conciliava tarefas domésticas e aulas de inglês enquanto procurava um novo projeto. Havia passado quase um ano desde seu último filme, O médico e o monstro, quando foi chamada para participar de uma produção sem roteiro, nem elenco definidos; a única certeza era que se passaria em algum lugar no norte da África. Humphrey Bogart talvez participasse. Ávida por um novo trabalho, Ingrid aceitou sem saber do que se tratava Casablanca. O longa viria a ganhar três Oscars, entre eles, o de melhor filme, e se tornaria um clássico absoluto da era de ouro de Hollywood.
O apelo de Casablanca está em grande parte associado à figura de Ingrid Bergman, que em 2015 completaria 100 anos. Para marcar a data, o Festival de Cannes, que este ano ocorrerá entre os dias 13 e 24 de maio, presta homenagem à atriz em seu cartaz oficial e apresentará a estreia do documentário Ingrid Bergman — In her own words (Ingrid Bergman —Em suas próprias palavras, traduzido livremente para o português), do sueco Stig Björkman. O filme usa o vasto material de arquivo da atriz. Ingrid foi meticulosa em documentar a própria vida: desde a infância manteve diários, escrevia cartas, gostava de tirar fotos e fazer filmes caseiros – hábito sem dúvida herdado do pai, dono de uma loja de fotografias.
Ao interpretar Ilsa em Casablanca, Ingrid transformou-se em uma das mais queridas estrelas do cinema americano. No entanto, por trás da beleza icônica, há uma atriz que demonstra imensa habilidade diante da notoriamente confusa produção do longa. Sem nem ao menos saber com quem seu personagem acabaria no final — se com o amante Rick (Humphrey Bogart) ou o marido Victor (Paul Henreid) — Ingrid confere equilíbrio e sentimento a esse melodrama de guerra. O contraste entre sua vulnerabilidade e o cinismo de Bogart criou a química ideal entre os atores, que, na realidade, quase não conversavam entre uma cena e outra.
A originalidade da tímida atriz sueca — alta demais para os padrões hollywoodianos e com um sotaque escandinavo que nunca a abandonou totalmente — chamou a atenção de David O. Selznick (de ...E o vento levou). O produtor a levou aos Estados Unidos para estrelar Intermezzo: Uma história de amor (1939), remake do filme sueco no qual Ingrid atuou três anos antes. A atriz, no entanto, recusou-se a se submeter à fábrica de astros de Hollywood: insistiu em manter o nome verdadeiro (para Selznick, Bergman soava “alemão demais” em tempos de instabilidade política) e conservou seu estilo, embora os produtores estivessem tentados em moldá-la como fizeram com Greta Garbo.
Ingrid não era tão vaidosa como a estrela padrão de Hollywood: não usava muita maquiagem, não se preocupava com dietas e, quando não estava trabalhando, dedicava-se à família. A naturalidade se transformou em sua marca. O encantamento gerado por Ingrid nas telas é bem resumido pelo personagem de Leslie Howard em Intermezzo — em um arroubo romântico, o violinista a descreve como uma valsa vienense, “sorridente e melancólica” ao mesmo tempo.
O apelo de Casablanca está em grande parte associado à figura de Ingrid Bergman, que em 2015 completaria 100 anos. Para marcar a data, o Festival de Cannes, que este ano ocorrerá entre os dias 13 e 24 de maio, presta homenagem à atriz em seu cartaz oficial e apresentará a estreia do documentário Ingrid Bergman — In her own words (Ingrid Bergman —Em suas próprias palavras, traduzido livremente para o português), do sueco Stig Björkman. O filme usa o vasto material de arquivo da atriz. Ingrid foi meticulosa em documentar a própria vida: desde a infância manteve diários, escrevia cartas, gostava de tirar fotos e fazer filmes caseiros – hábito sem dúvida herdado do pai, dono de uma loja de fotografias.
Ao interpretar Ilsa em Casablanca, Ingrid transformou-se em uma das mais queridas estrelas do cinema americano. No entanto, por trás da beleza icônica, há uma atriz que demonstra imensa habilidade diante da notoriamente confusa produção do longa. Sem nem ao menos saber com quem seu personagem acabaria no final — se com o amante Rick (Humphrey Bogart) ou o marido Victor (Paul Henreid) — Ingrid confere equilíbrio e sentimento a esse melodrama de guerra. O contraste entre sua vulnerabilidade e o cinismo de Bogart criou a química ideal entre os atores, que, na realidade, quase não conversavam entre uma cena e outra.
A originalidade da tímida atriz sueca — alta demais para os padrões hollywoodianos e com um sotaque escandinavo que nunca a abandonou totalmente — chamou a atenção de David O. Selznick (de ...E o vento levou). O produtor a levou aos Estados Unidos para estrelar Intermezzo: Uma história de amor (1939), remake do filme sueco no qual Ingrid atuou três anos antes. A atriz, no entanto, recusou-se a se submeter à fábrica de astros de Hollywood: insistiu em manter o nome verdadeiro (para Selznick, Bergman soava “alemão demais” em tempos de instabilidade política) e conservou seu estilo, embora os produtores estivessem tentados em moldá-la como fizeram com Greta Garbo.
Ingrid não era tão vaidosa como a estrela padrão de Hollywood: não usava muita maquiagem, não se preocupava com dietas e, quando não estava trabalhando, dedicava-se à família. A naturalidade se transformou em sua marca. O encantamento gerado por Ingrid nas telas é bem resumido pelo personagem de Leslie Howard em Intermezzo — em um arroubo romântico, o violinista a descreve como uma valsa vienense, “sorridente e melancólica” ao mesmo tempo.