Nesta semana, na quinta-feira, dois filmes com Julianne entram em cartaz nos cinemas brasileiros: 'Para sempre Alice' (pelo qual ela ganhou o Oscar) e 'O sétimo filho' (um dos piores filmes de seu currículo). Daqui a três semanas, no dia 2 de abril, estreia 'Mapas para as estrelas', que a fez vencer o prêmio de melhor atriz em Cannes. Trata-se, portanto, de uma boa oportunidade para confirmar sua versatilidade na tela grande.
'Para sempre Alice' (já em cartaz em sessões de pré-estreia nos cinemas) foi a quinta indicação ao Oscar recebida pela atriz, que já havia concorrido com 'Boogie nights' (1997), 'Fim de caso' (1999), 'As horas' (2002) e 'Longe do paraíso' (também em 2002). Outros papéis também foram marcantes, mas eram ousados demais para as premiações, como foi o caso de 'Pecados inocentes' (2007), onde interpreta uma mulher que tem uma relação incestuosa com o próprio filho (vivido por Eddie Redmayne, por coincidência também ganhador do Oscar em 2015 por 'A teoria de tudo').
Os olhares dramáticos, o rosto bem demarcado, a elegância e a erotização crítica do corpo estão entre as marcas de estilo de boa parte de Julianne Moore. Ela costuma intercalar parcerias com cineastas consagrados, apostas arriscadas e papéis mais rasteiros. A atriz estreou nos cinemas no filme de terror 'Contos da escuridão' (1990) e desde então alternou trabalhos de relevância variável, apesar de sempre ter um bom desempenho individual como atriz.
PARA SEMPRE ALICE - ESTREIA QUINTA
Da primeira à última imagem, Julianne Moore demonstra sua poderosa força dramática em todas as cenas de 'Para sempre Alice'. Ao interpretar uma professora de linguística que sofre com o Mal de Alzheimer, a atriz consegue transmitir um estado emocional delicado mesmo nas cenas onde a doença não se manifesta explicitamente. É um tipo de interpretação que envolve o exterior e o interior da personagem. Vale a pena ver o filme pelo trabalho dela e por coadjuvantes como Alec Baldwin, mas algumas ênfases (e o mal desempenho de Kristen Stewart) quase estragam o resultado como um todo. A trilha sonora, por exemplo, parece querer garantir que a plateia vá às lágrimas, como se o conteúdo trágico já não fosse suficiente. Na cena onde ela faz uma palestra, os rostos dos ouvintes são mostrados para enfatizar que aquele é um momento emocionante. Para sempre Alice, portanto, exagera no uso de recursos melodramáticos, que se tornam redundantes diante de sua temática. A particularidade da linguística também merecia ter sido melhor explorada.
O SÉTIMO FILHO - ESTREIA QUINTA
Ambos ganhadores do Oscar, Julianne Moore e Jeff Bridges já contracenaram no cultuado 'O grande Lebowski' (1998) e voltam a trabalhar juntos em 'O sétimo filho', que estreia nesta quinta. Fãs dos dois atores, contudo, devem tomar cuidado, já que esse é um dos trabalhos menos interessantes dos dois e será considerado um dos piores filmes de 2015. Baseado na série de livros 'As aventuras do caça-feitiço' (iniciada em 2004), é um épico medieval mitológico cheio de furos e inconsistências, que não se salva nem pelos efeitos especiais e nem pelo visual. Julianne Moore lembra uma diva pop gótica no papel de uma bruxa que se transforma em dragão.
MAPAS PARA AS ESTRELAS - ESTREIA DIA 2 DE ABRIL
Julianne Moore poderia ganhar o Oscar por Mapas para as estrelas, mas o filme do cineasta David Cronenberg ('A mosca') é esquisito demais para a Academia. No papel de Havana Segrand, uma neurótica e frustrada estrela decadente de Hollywood, ela ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes e ainda foi indicada ao Globo de Ouro. Sua atuação é bastante corajosa, sem medo da autorridicularização, com cenas constrangedoras e até escatológicas. Outras atrizes não topariam esse tipo de exposição, mas ela demonstra que vale a pena não ter preconceito contra personagens em situações tão bizarras.