O britânico Ridley Scott, diretor do longa, "transforma Moisés e os judeus em construtores de pirâmides, o que contradiz fatos históricos comprovados", afirmou Asfur, destacando que a proibição foi recomendada por um comitê composto, em particular, por dois professores de história.
O filme retrata um Moisés agnóstico a princípio, criado como irmão do filho do faraó antes de ser rejeitado quando sua verdadeira identidade de filho de hebreus é descoberta. Ele foge para o deserto, mas decide, após o episódio sarça ardente, unir-se ao povo judeu, então escravo dos egípcios, para guiá-lo para a Terra Prometida.
O épico bíblico em 3D, que custou US$ 140 milhões, já tinha sido tirado de cartaz no Marrocos na quarta-feira. Os donos de salas de cinema receberam naquele país a visita de "delegações do Centro Cinematográfico Marroquino" que proibiram a exibição.
O filme suscitou uma polêmica no mundo árabe porque questiona um milagre reconhecido pelas três religiões monoteístas, o da travessia do Mar Vermelho por Moisés, que divide as águas com seu bastão para permitir a passagem dos judeus. "No filme, Moisés exibe uma espada e não um bastão" e a divisão das águas é explicada pelo "fenômeno das marés", criticou o chefe do Conselho Supremo para a Cultura, Mohamed Afifi, membro do comitê que recomendou a proibição do longa.
O ministro da Cultura explicou que as autoridades não pediram a opinião da universidade Al Azhar, uma das instituições de maior prestígio do Islã sunita, que pode ser consultada antes de autorizar a exibição de uma obra no Egito, mas não tem o poder de decisão.
Al Azhar, que se opõe à personificação de figuras religiosas no cinema, considerou em março que a superprodução americana "Noé" contrariava o Islã porque mostrava a representação de um profeta. O longa foi proibido nos cinemas egípcios, apesar da oposição do Ministério da Cultura.