Mas as coincidências, segundo Kayete, que foi ao cinema assistir ao longa-metragem de estreia do diretor goiano Paulo Vespúcio, param por aí. “Achei o filme fraco, me decepcionei muito. Fui com expectativa de ver uma história gay bacana, mas acabei me deparando com uma caricatura”, lamenta o ator, insatisfeito com o resultado da comédia, inspirada na história de um radialista de Rio Branco, no Acre.
Produzido pela atriz Letícia Spiller, que interpreta a drag queen Rochanna, a comédia narra o dilema de Gorete, que, ao receber ultimato do pai para se casar, acaba realizando concurso em busca do marido em seu próprio programa de rádio. “Gosto de brincar com a caricatura do gay, mas no dia a dia sou uma pessoa séria”, afirma Kayete, lamentando o que classifica de “visão hétero” do filme, que a deixou frustrada.
O filme estreou na semana passada em 100 salas no Brasil, seis delas em BH e região metropolitana. Atualmente, 'O casamento de Gorete' deixou se ser exibido em 20 salas, processo considerado normal pela Europa Filmes, que continua apostando no potencial do longa. “Trata-se de uma comédia, que agrada bastante ao público brasileiro”, justifica Renata Ischihama, gerente de marketing da distribuidora.
Segundo ela, um dos fatores da aposta reside no elenco, que reúne atores conhecidos. Caso de Rodrigo Sant’Anna, consagrado no humorístico 'Zorra total', da TV Globo, na pele de Valéria. “O público acaba saindo do cinema às gargalhadas”, garante Renata, sem saber que este foi um dos fatores que mais desagradaram a Kayete.
“Vi a Valéria o tempo inteiro na Gorete”, critica Kayete, admitindo ser difícil esquecer da personagem do humorístico da TV durante a exibição do filme. Além disso, o ator mineiro diz ter visto descuidos na produção da comédia. Mesmo tendo deixado a sala de exibição frustrada, Kayete admite haver momentos interessantes na trama. Em especial o protagonizado por Letícia Spiller. “Ela está sensacional, mas, infelizmente, aparece uma única vez”, lamenta. Kayete diz ter-se identificado também com os conselhos que a personagem dá para os ouvintes no programa de rádio.
Fã de filmes de temática homossexual como 'Traídos pelo desejo', de Neil Jordan, e 'Priscila, a rainha do deserto', de Stephan Elliott, Kayete também elogia os brasileiros 'Flores raras', de Bruno Barreto, e 'Dzi Croquettes', de Tatiana Issa e Rapahael Alvarez. “Esse é sensacional”, diz. Vale lembrar o fato de o próprio diretor Paulo Vespúcio fazer questão de tirar qualquer conotação sexual do filme. “'O casamento de Gorete' trata do amor puro, incondicional, que as pessoas aceitam muito bem quando parte da mãe em relação ao filho”, diz ele.
RÁDIO E TV
Atualmente, além de um quadro semanal (às sextas-feiras) no Jornal da Alterosa 1ª edição, com reportagens de comportamento, Kayete participa de quadro diário no Manhã legal, comandado pela comunicadora Claudia Gandra na Rádio Liberdade FM. A história da radialista começou em 1995, quando fazia a Noite do bilhetinho, no Bar Le Kulle. A convite da direção de uma emissora comunitária (Ovni FM), Kayete estreou no veículo, do qual nunca mais saiu. “Hoje, consigo atrair empresas conceituadas como anunciantes”, comemora o ator, depois de ter passado pelas rádios 98 FM, Extra FM e Transamérica FM.
TOP 20
Cerca de 72 mil pessoas já assistiram a O casamento de Gorete, segundo estimativa da Filme B, empresa especializada em análise de mercado cinematográfico, que fechou no fim da tarde de ontem mais um boletim das principais bilheterias brasileiras da semana passada. Se na primeira semana de exibição a comédia conseguiu se manter em oitavo lugar, na segunda a expectativa é de que ela fique apenas entre as 20 maiores bilheterias do país.
Kayete assiste à comédia 'O casamento de Gorete'; saiba a opinião da artista
Radialista-repórter diz que trabalho do ator Rodrigo San'Anna compromete a produção
Qualquer semelhança entre a protagonista da comédia 'O casamento de Gorete', interpretada pelo ator Rodrigo Sant’Anna, e Kayete, a radialista-repórter incorporada pelo ator mineiro Caio Fernandes, não será mera coincidência. Afinal, são inúmeros os personagens do gênero Brasil afora.