Um ilustre toque latino vai marcar a 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começa no dia 16 e se estende até 29 de outubro. "Não foi intencional, mas, realmente montamos uma homenagem à cinematografia em língua espanhola", comentou Renata de Almeida, diretora artística do evento. Mas são muitos (e ótimos) eventos. Para começar, o filme de abertura, Relatos Selvagens, é argentino. Pedro Almodóvar, diretor espanhol, é homenageado com uma retrospectiva de 15 trabalhos. Outro conterrâneo, Luis Buñuel, terá suas fotos realizadas no México em exposição. E Víctor Erice, considerado por muitos o melhor cineasta da Espanha da atualidade, terá três longas em exibição.
A cinematografia daquele país, aliás, está no foco da Mostra deste ano, com um cardápio que inclui 42 longas, exposição fotográfica e 53 curtas realizados entre 1896 e 1897. Para completar, haverá encontro entre produtores e fontes de financiamento, além de debate entre roteiristas brasileiros e argentinos.
Os cinemaníacos, no entanto, estão interessados na farta e variada programação que sempre caracterizou a Mostra em suas quase quatro décadas.
Filmes premiados em grandes festivais, por exemplo, atraem muita atenção e, nesse quesito, um grande trunfo foi confirmado na quinta-feira: a vinda de Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência, do sueco Roy Andersson, vencedor do Leão de Ouro do último Festival de Veneza.
Da mesma competição, virá As Noites Brancas do Carteiro, de Andrei Konchalovski, ganhador do Leão de Prata. Já de Cannes, estão confirmados Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan (Palma de Ouro), e Foxcatcher - Uma História que Chocou, de Bennett Miller (prêmio de melhor diretor).
Renata de Almeida destaca ainda O Pequeno Quinquin, primeira comédia do diretor Bruno Dumont. "Trata-se de um trabalho que ele realizou como minissérie para a televisão e, mesmo não sendo para a tela grande, ganhou destaque na principal revista de cinema da França, a Cahiers du Cinema", comenta. "Aprovo plenamente, pois mostra como hoje é comum a conversão da TV para o cinema."
Nomes consagrados pela Mostra não faltarão. É o caso do cineasta português Manoel de Oliveira, cujo curta (19 minutos) O Velho do Restelo será exibido. Aos 105 anos, ele filma com dificuldade - o curta foi rodado no jardim de seu prédio -, mas mantém a sensibilidade afiada, ao mostrar Dom Quixote, o poeta Luís Vaz de Camões e os escritores Teixeira de Pascoaes e Camilo Castelo Branco discutindo sobre o passado e o presente à luz da literatura. Biscoito fino.
Já o cineasta chinês Jia Zhangke será duplamente homenageado, a começar com um documentário inédito, Um Homem de Fenyang, rodado por Walter Salles.
Também será lançado o livro O Mundo de Jia Zhangke, editado em parceria com a Cosac Naify, escrito por Jean-Michel Frodon e organizado por ele e por Salles. "Jia representa como poucos a frenética mudança chinesa", diz Renata.
Zhangke, Frodon e Salles estarão presentes, assim como outras figuras notáveis. Geraldine Chaplin, por exemplo, vem prestigiar o filme de encerramento do qual participa, o dominicano Dólares de Areia. Entre os cineastas, estarão circulando por São Paulo Damián Szifrón (Relatos Selvagens), Laurent Cantet (Retorno a Ítaca), Luis Miñarro (Estrela Cadente), Franz Muller (Na Pior das Hipóteses) e Guillermo Arriaga (Falando com os Deuses).
Presença ilustre será a de Marin Karmitz, que participará de uma retrospectiva de sua produtora, a MK2. "Ele trabalhou em todos os estágios cinematográficos, como produtor, diretor e distribuidor", observa Renata de Almeida. "Em meio aos longas comerciais, ele apoiou a carreira de grandes cineastas como Krzystof Kieslowski e Abbas Kiarostami."
Pedro Almodóvar também foi convidado, mas dores nas costas têm limitado suas viagens internacionais. "Mas ele se empenhou na formação da retrospectiva de seus principais filmes, além de enviar cinco fotos das quais foi escolhida a que inspirou o cartaz deste ano", conta Renata.
E, novamente, a Mostra expande seus limites, com filmes sendo exibidos pelo Sesc em 12 unidades (10 no interior paulista), além de três CEUs. Já o curta Corrida de Automóveis para Meninos será mostrado ao ar livre no Ibirapuera, festejando os 100 anos do personagem Carlitos.
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Os cinemaníacos, no entanto, estão interessados na farta e variada programação que sempre caracterizou a Mostra em suas quase quatro décadas.
Filmes premiados em grandes festivais, por exemplo, atraem muita atenção e, nesse quesito, um grande trunfo foi confirmado na quinta-feira: a vinda de Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência, do sueco Roy Andersson, vencedor do Leão de Ouro do último Festival de Veneza.
Da mesma competição, virá As Noites Brancas do Carteiro, de Andrei Konchalovski, ganhador do Leão de Prata. Já de Cannes, estão confirmados Winter Sleep, de Nuri Bilge Ceylan (Palma de Ouro), e Foxcatcher - Uma História que Chocou, de Bennett Miller (prêmio de melhor diretor).
Renata de Almeida destaca ainda O Pequeno Quinquin, primeira comédia do diretor Bruno Dumont. "Trata-se de um trabalho que ele realizou como minissérie para a televisão e, mesmo não sendo para a tela grande, ganhou destaque na principal revista de cinema da França, a Cahiers du Cinema", comenta. "Aprovo plenamente, pois mostra como hoje é comum a conversão da TV para o cinema."
Nomes consagrados pela Mostra não faltarão. É o caso do cineasta português Manoel de Oliveira, cujo curta (19 minutos) O Velho do Restelo será exibido. Aos 105 anos, ele filma com dificuldade - o curta foi rodado no jardim de seu prédio -, mas mantém a sensibilidade afiada, ao mostrar Dom Quixote, o poeta Luís Vaz de Camões e os escritores Teixeira de Pascoaes e Camilo Castelo Branco discutindo sobre o passado e o presente à luz da literatura. Biscoito fino.
Já o cineasta chinês Jia Zhangke será duplamente homenageado, a começar com um documentário inédito, Um Homem de Fenyang, rodado por Walter Salles.
Também será lançado o livro O Mundo de Jia Zhangke, editado em parceria com a Cosac Naify, escrito por Jean-Michel Frodon e organizado por ele e por Salles. "Jia representa como poucos a frenética mudança chinesa", diz Renata.
Zhangke, Frodon e Salles estarão presentes, assim como outras figuras notáveis. Geraldine Chaplin, por exemplo, vem prestigiar o filme de encerramento do qual participa, o dominicano Dólares de Areia. Entre os cineastas, estarão circulando por São Paulo Damián Szifrón (Relatos Selvagens), Laurent Cantet (Retorno a Ítaca), Luis Miñarro (Estrela Cadente), Franz Muller (Na Pior das Hipóteses) e Guillermo Arriaga (Falando com os Deuses).
Presença ilustre será a de Marin Karmitz, que participará de uma retrospectiva de sua produtora, a MK2. "Ele trabalhou em todos os estágios cinematográficos, como produtor, diretor e distribuidor", observa Renata de Almeida. "Em meio aos longas comerciais, ele apoiou a carreira de grandes cineastas como Krzystof Kieslowski e Abbas Kiarostami."
Pedro Almodóvar também foi convidado, mas dores nas costas têm limitado suas viagens internacionais. "Mas ele se empenhou na formação da retrospectiva de seus principais filmes, além de enviar cinco fotos das quais foi escolhida a que inspirou o cartaz deste ano", conta Renata.
E, novamente, a Mostra expande seus limites, com filmes sendo exibidos pelo Sesc em 12 unidades (10 no interior paulista), além de três CEUs. Já o curta Corrida de Automóveis para Meninos será mostrado ao ar livre no Ibirapuera, festejando os 100 anos do personagem Carlitos.