Leandro – mais uma vez – demonstra total domínio da comédia, ainda que exagere nas caras e bocas. Ele é João Ernesto, o candidato à presidência corrupto, mentiroso e esbanjador. E tem também outros traços de caráter que passam longe da ética esperada de um representante do povo. O jogo é muito sujo até que a avó dele, no leito de morte, roga uma praga no neto: a partir daquele momento, falará somente a verdade. Líder nas pesquisas para o segundo turno das eleições presidenciais, ele vê sua carreira ficar na berlinda.
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'O candidato honesto' não se furta a abordar escândalos de corrupção que marcam a história recente da política brasileira. Estão lá, quase em sequência, referências diretas ao mensalão, aos desmandos na Petrobras, à influência da bancada evangélica, obviamente tudo em meio as trapalhadas de João Ernesto e a dificuldade repentina que ele tem em mentir.
O problema é que em determinado momento do filme há um recuo no objetivo de ser mordaz em relação à realidade. Isso se dá principalmente com a entrada de Amanda (Luiza Valdetaro), a repórter escalada para acompanhar o candidato. Não chega a ser uma questão da atriz, mas da reviravolta do roteiro mesmo. Nesse ponto, 'O candidato honesto' chega até ficar desnecessariamente meloso.
Ainda assim, o filme tem cenas hilárias, como a participação de Jovane Nunes, do grupo de teatro de Brasília 'Os melhores do mundo'. No papel de um pai de santo procurado para tentar “resolver” a mandinga de João Ernesto, ele começa a receber políticos e comediantes da velha guarda. Destaque, ainda, para a participação de Victor Leal (também do Os melhores do mundo), como o sóbrio assessor e Luis Lobianco, outro integrante do coletivo Porta dos Fundos, na pele do pastor Mateus Floriano.
Assista ao clipe de 'O candidato honesto':
* A repórter viajou a convite da Downtown Filmes.