Cinema

Em fim de semana de eleição, estreia o longa brasileiro 'O candidato honesto'

Novo filme de Leandro Hassum conta ahistória de um político que é obrigado a dizer apenas a verdade

Carolina Braga

Leandro Hassum é João Ernesto, político vítima de praga da avó que é obrigado a dizer a verdade
Rio de Janeiro – A equipe do filme 'O candidato honesto' – especificamente o diretor Roberto Santucci e o roteirista Paulo Cursino – defende a ideia de que é mais fácil falar sobre sexo, como a dupla fez em 'De pernas para o ar' 1 e 2, do que se meter com política. Olhando por essa ótica, O candidato honesto é a ousadia deles. A opção por sair de uma zona de conforto e encontrar outros caminhos para a comédia em tempos em que o politicamente correto está em alta. O longa protagonizado por Leandro Hassum é crítico, ácido e engraçado, mas tem lá suas recaídas no propósito principal, que é a sátira do que, infelizmente, é o modus operandi de nossa política.
 
Veja horários e salas de exibição


Leandro – mais uma vez – demonstra total domínio da comédia, ainda que exagere nas caras e bocas. Ele é João Ernesto, o candidato à presidência corrupto, mentiroso e esbanjador. E tem também outros traços de caráter que passam longe da ética esperada de um representante do povo. O jogo é muito sujo até que a avó dele, no leito de morte, roga uma praga no neto: a partir daquele momento, falará somente a verdade. Líder nas pesquisas para o segundo turno das eleições presidenciais, ele vê sua carreira ficar na berlinda.


As verdades começam a aparecer. Primeiro em casa, diante da mulher (Flávia Garrafa, em forte inspiração de Rosane Collor). Depois, em entrevista ao vivo no programa de Maria Lúcia Britto (sátira de Ana Maria Braga feita por Júlia Rabello, conhecida do Porta dos Fundos) e, pior, durante a CPI do Mensalinho. Para que João Ernesto não solte a língua e denuncie o esquema de propinas, monta-se uma verdadeira operação de isolamento dele da mídia. Em vão.

'O candidato honesto' não se furta a abordar escândalos de corrupção que marcam a história recente da política brasileira. Estão lá, quase em sequência, referências diretas ao mensalão, aos desmandos na Petrobras, à influência da bancada evangélica, obviamente tudo em meio as trapalhadas de João Ernesto e a dificuldade repentina que ele tem em mentir.

O problema é que em determinado momento do filme há um recuo no objetivo de ser mordaz em relação à realidade. Isso se dá principalmente com a entrada de Amanda (Luiza Valdetaro), a repórter escalada para acompanhar o candidato. Não chega a ser uma questão da atriz, mas da reviravolta do roteiro mesmo. Nesse ponto, 'O candidato honesto' chega até ficar desnecessariamente meloso.

Ainda assim, o filme tem cenas hilárias, como a participação de Jovane Nunes, do grupo de teatro de Brasília 'Os melhores do mundo'. No papel de um pai de santo procurado para tentar “resolver” a mandinga de João Ernesto, ele começa a receber políticos e comediantes da velha guarda. Destaque, ainda, para a participação de Victor Leal (também do Os melhores do mundo), como o sóbrio assessor e Luis Lobianco, outro integrante do coletivo Porta dos Fundos, na pele do pastor Mateus Floriano.

 

Assista ao clipe de 'O candidato honesto':

 

 

 

 

* A repórter viajou a convite da Downtown Filmes.