Em Los Angeles, no primeiro semestre, Scarlett Johansson tentava controlar os jornalistas de todo o mundo que se comprimiam na sala em que Chris Evans e ela davam entrevistas sobre 'Capitão América 2'. Os dois diretores, os irmãos Russo, e o produtor Kevin Feige eram meros codjuvantes. As perguntas eram as mais tolas possíveis. E se o 'Capitão América' e Scarlett, a sexiest woman alive - a mulher mais sexy do mundo - tivessem um filho, como seria? "Com' on, boys, let's talk seriously", vamos falar com seriedade, ela pedia, e com aquela voz.
Em sua edição de junho, a revista francesa Studio Live lista os top 20 de Hollywood. Brad Pitt, que, além do astro que todo mundo conhece, foi o produtor de '12 anos de escravidão' - Oscar de melhor filme do ano -, é o número 1. E há apenas uma mulher entre os 20. Ocupa o sétimo lugar - Jennifer Lawrence, graças aos números superlativos da série 'Jogos vorazes'.
Scarlett nem aparece e, no entanto, não existe mulher mais comentada na indústria, atualmente. A voz dela no computador de Joaquin Phoenix, na fantasia futurista de Spike Jonze - 'Ela' -, ainda ecoa nos ouvidos do público e Scarlett, que faz um pequeno papel em 'Chef', de Jon Favreau, a partir desta quinta, 28, toma de assalto as telas do Brasil com 'Lucy', outra fantasia científica - do francês Luc Besson -, que está arrasando nas bilheterias dos EUA.
Em DVD e Blu-Ray, mais uma fantasia. Em 'Sob a pele', de Jonathan Glazer, Scarlett é a alienígena que chega à Terra e percorre paisagens vazias e estradas desertas em busca de presas humanas. Dotada de uma sexualidade voraz, a (anti)heroína vai descobrir sua humanidade.
Confira trailer de 'Lucy':
Em todos os lugares
Está começando mais um Festival de Veneza. No ano passado, os críticos blasés nem se deram ao trabalho de constatar que o filme de abertura, que muitos chamaram de decepcionante - 'Gravidade', de Alfonso Cuarón -, na verdade terminou sendo um evento planetário e campeão do Oscar. 'Sob a pele' foi outro recebido a pedradas, mas em sua edição também de junho Cahiers du Cinéma, a Bíblia do cinema de autor, dedica páginas e páginas à decifração do fenômeno 'Under the skin', porque o filme de Jonathan Glazer é um fenômeno. E a todas essas chega 'Lucy'.
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Lucy
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O filme começa, como 2001, na alvorada da humanidade, com Lucy, a primeira mulher. Salta no tempo para mostrar aonde nos levou o desenvolvimento tecnológico e científico - desordenação e caos. É onde encontramos outra Lucy - Scarlett.
Tudo vê, tudo sabe, tudo pode. Vira Deus, ou o computador Hal-9000 de '2001'? Porque é a segunda pergunta que você mal ousava se fazer e Besson agora tenta responder - como Scarlett foi parar dentro daquele computador em 'Ela'? É uma questão científica e filosófica, que Besson responde por meio da ação. No processo, Scarlett ganha um aliado, o policial. Numa ação impulsiva, ela o beija.
Por que, pergunta o cara? "Para me lembrar (de que sou humana)?" Na cena chave, descobrindo que a única verdadeira medida é o tempo, Lucy viaja no tempo até reencontrar a outra Lucy, primata. A nova e a primitiva mulher se tocam, como na Criação de Michelangelo. Luc Besson conseguiu. Scarlett Johansson, a atriz de sua geração que mais ousa, conseguiu, de novo. Essa mulher, além de sexy, é única.