

As cenas de sexo do filme nem sequer são sensuais. Não excitam, apesar de toda a nudez de Cameron. Os corpos são entrelaçados de forma tão rápida e caricatural que o clima não rola. As caras e bocas dos dois atores são exageradas. É tudo palhaçada mesmo.
Antes do casamento e da primeira gravidez, o casal de protagonistas era de uma vitalidade sexual atlética. Depois, eles praticamente não conseguem arrumar mais tempo nem sequer para se verem nus. Essa visão de um relacionamento é deturpada, simplista, desumana e não deve representar a vida real, pois filhos não necessariamente representam esse tipo de interrupção. Nesses aspectos, o filme perde a razão para não perder a graça, o que não deixa de ser importante no caso de uma comédia besteirol.
A grande reviravolta que dá título ao filme ocorre quando o casal resolver filmar uma transa, mas esquece de deletar o vídeo, que cai em mãos erradas. Aí eles começam uma grande correria, cheia de trapalhadas, para evitarem que as imagens sejam jogadas na internet. No meio da confusão, o sexo fica em segundo plano e só retorna rapidamente perto do final, quando a tal filmagem é mostrada.
Cameron Diaz gosta de brincar com a própria sensualidade, como se pedisse para o público não levar essas coisas a sério e pensar em algo mais importante. Ela virou especialista nesse tipo de comédia, com filmes como Quem vai ficar com Mary? (1998), Tudo para ficar com ele (2002), Professora sem classe (2011) e Mulheres ao ataque (2014).
Jake Kasdan, diretor de Sex tape e Professora sem classe, mostra-se influenciado pelos irmãos Farrelly (Quem vai ficar com Mary?, O amor é cego), mas não atinge aquele mesmo nível de equilíbrio preciso entre mensagens construtivas escorregadias e humor politicamente incorreto à beira da escatologia.