É a partir de um título que o cineasta brasiliense Gustavo Galvão desenvolve suas histórias. Depois de sete curtas-metragens, estreou em longas há dois anos com Nove crônicas para um coração aos berros, filme de episódios que reunia elenco extenso. Retorna agora aos cinemas com seu segundo filme, Uma dose violenta de qualquer coisa, que entra em cartaz hoje em nove cidades brasileiras – em Belo Horizonte, no Cine Belas Artes. “Acredito que o título é o primeiro contato que as pessoas têm com um filme. Tanto por isso, não gosto de títulos singelos ou preguiçosos”, afirma ele, que acalentava essa história há pelo menos duas décadas.
Em cena, dois personagens centrais, ambos de Brasília, absolutamente diferentes, mas que se encontram pelas angústias. Pedro (Vinícius Ferreira) e Lucas (Marat Descartes) se conhecem na estrada. Com pouco mais de 30 anos e nada a perder, querem descobrir o Brasil do interior, só que não conseguem ir além de Goiás e Minas Gerais. “O cerrado é uma paisagem predominante que acaba casando com o estado de ânimo de Pedro. A paisagem seca e árida, com muitas estradas esburacadas, junto a uma trilha sonora intensa e quebradiça, é um reflexo de seu estado de ânimo”, explica o diretor e roteirista.
Pedro está fugindo de alguma coisa, ainda que não saiba do quê. “Fica evidente que ele tem problemas com Brasília, uma cidade cartesiana. Então, tenta buscar o oposto”, continua Galvão. Que vem na cidade de Ouro Preto e sua opulência barroca. “Essa ponte entre as duas cidades é proposital, pois ambas são fundamentais para a história do Brasil.” Neste caminho, viajam por várias outras cidades mineiras, como Uberaba, Montes Claros e Lavras. Com um orçamento cortado pela metade – de R$ 1,5 milhão previsto, o filme foi realizado com R$ 700 mil –, a produção teve que adaptar. Foi a cidade de Patrocínio que serviu de locação para as várias localidades mineiras por onde a dupla passa.
“Uma dose violenta de qualquer coisa seria o meu primeiro filme, mas tive dificuldade em captar. O que não ocorreu por acaso, pois é um filme que não cede ao politicamente correto. O personagem do Marat (Lucas) adota um tipo de humor que vai contra a corrente do cinema brasileiro. Como (o dinheiro) estava demorando para sair e eu precisava dirigir urgentemente, tirei uma história da gavela e filmei Nove crônicas...”, conta Galvão. Foi com um empurrão do argentino Miguel Machalski, que atuou como consultor de roteiro, que ele resolveu fazer o segundo filme a qualquer custo. “Tanto que acabei me reconectando com influências do cinema marginal brasileiro. Acredito no cinema das ideias, não do dinheiro”, finaliza.
Apelo amplo
Em Minas Gerais, Gustavo Galvão lançou seus dois longas na Mostra de Cinema de Tiradentes. Uma dose violenta... foi exibido em janeiro. “No dia seguinte (à sessão) eu estava na praça tomando uma cerveja quando uma senhora passou por mim, me reconheceu e disse: ‘Vi o seu filme, parabéns. Agora, vem cá: o personagem do Lucas existe mesmo?’. Achei isso incrível, pois Tiradentes tem uma coisa muito especial. Tem não só a plateia treinada para cinema (críticos e realizadores), mas também um público muito variado, que acaba se tornando um teste”, conta. Foi a partir do comentário daquela senhora que Galvão viu que o filme tinha um apelo para atingir um público mais amplo.
Em cena, dois personagens centrais, ambos de Brasília, absolutamente diferentes, mas que se encontram pelas angústias. Pedro (Vinícius Ferreira) e Lucas (Marat Descartes) se conhecem na estrada. Com pouco mais de 30 anos e nada a perder, querem descobrir o Brasil do interior, só que não conseguem ir além de Goiás e Minas Gerais. “O cerrado é uma paisagem predominante que acaba casando com o estado de ânimo de Pedro. A paisagem seca e árida, com muitas estradas esburacadas, junto a uma trilha sonora intensa e quebradiça, é um reflexo de seu estado de ânimo”, explica o diretor e roteirista.
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“Uma dose violenta de qualquer coisa seria o meu primeiro filme, mas tive dificuldade em captar. O que não ocorreu por acaso, pois é um filme que não cede ao politicamente correto. O personagem do Marat (Lucas) adota um tipo de humor que vai contra a corrente do cinema brasileiro. Como (o dinheiro) estava demorando para sair e eu precisava dirigir urgentemente, tirei uma história da gavela e filmei Nove crônicas...”, conta Galvão. Foi com um empurrão do argentino Miguel Machalski, que atuou como consultor de roteiro, que ele resolveu fazer o segundo filme a qualquer custo. “Tanto que acabei me reconectando com influências do cinema marginal brasileiro. Acredito no cinema das ideias, não do dinheiro”, finaliza.
Apelo amplo
Em Minas Gerais, Gustavo Galvão lançou seus dois longas na Mostra de Cinema de Tiradentes. Uma dose violenta... foi exibido em janeiro. “No dia seguinte (à sessão) eu estava na praça tomando uma cerveja quando uma senhora passou por mim, me reconheceu e disse: ‘Vi o seu filme, parabéns. Agora, vem cá: o personagem do Lucas existe mesmo?’. Achei isso incrível, pois Tiradentes tem uma coisa muito especial. Tem não só a plateia treinada para cinema (críticos e realizadores), mas também um público muito variado, que acaba se tornando um teste”, conta. Foi a partir do comentário daquela senhora que Galvão viu que o filme tinha um apelo para atingir um público mais amplo.