Cinema

Exibição de documentário sobre incêndio na boate Kiss reúne parentes de vítimas em Gramado

Associação de pessoas ligadas à tragédia acompanha sessão de 'Janeiro 27' no festival

Correio Braziliense

'Janeiro 27' é exibido em mostra fora de competição no Festival de Gramado
Longe do imaginário do glamour vinculado ao 42º Festival de Cinema de Gramado, o cinema — com exibição do longa 'Janeiro 27', fora de competição — ganha contornos de denúncia e de instrumento de mobilização.


Uma comitiva de 22 integrantes do grupo Santa Maria do Luto à Luta, chefiada pelo presidente Flávio Silva, chegou para acompanhar a exibição do filme de Luiz Alberto Cassol e Paulo Nascimento. "Grande parte veio para somar conhecimento no relato do que realmente aconteceu no incêndio da boate Kiss", explica Silva em referência ao desastre que provocou 242 mortes na cidade gaúcha.

"O motivo é de alerta para a população. Me parece que as autoridades locais não tiraram nada de positivo, com relação ao massacre e à nossa desgraça pessoal. Casas noturnas seguem operando de forma irregular, sem o documento do Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndio", denuncia o presidente do grupo de vítimas da tragédia.

"Prefeitos e empresários falam de flexibilização de uma lei aprovada e que desobriga cuidados relacionados ao tema. Dizem que é provisório o alvará de muitos, e me pergunto se a vida das pessoas é provisória também", observa Flávio Silva. Para a produção do filme, ele deu depoimento de três horas acerca da morte da filha Andrielle da Silva, que, na boate, comemorava o aniversário de 22 anos.

O pai ainda alerta para recentes eventos que corroboram maior necessidade de vigilância. "Tivemos novos princípios de incêndios em estabelecimentos e também, noutra pane em casa noturna de lá, os jovens foram barrados para pagamento das malditas comandas", desbafou. O grupo deve se manifestar na exibição que ocorrerá após a exibição da Mostra Competitiva.

 

Confira trailer do documentário 'Janeiro 27':