A luneta do tempo é um caso raro no cinema brasileiro. Trata-se de um longa musical com todos os diálogos cantados ou, pelo menos, rimados. O trabalho de roteirista, nesses casos, se confunde com o de compositor. Todas as palavras mencionadas pelos personagens foram escritas por Alceu, que pré-gravou as músicas com sua voz e as entregou ao elenco antes das filmagens.
Os atores não podiam errar uma sílaba e precisavam sincronizar as vozes com a melodia original. O resultado equivale a um novo disco, inédito, com 97min de duração – acompanhado de imagens e vozes dos intérpretes Irandhir Santos, Hermila Guedes, Servílio Holanda, Hélder Vasconcelos, Ary de Arimatéia, Charles Teony e Khrystal – 32 atores participaram. A musicalidade é baseada nas tradições do folclore nordestino, com a presença de instrumentos como a rabeca e a sanfona, mas com a liberdade experimental típica do cantor.
Vencedor do prêmio de melhor trilha sonora no Paulínia Film Fest, Sinfonia da necrópole promove a improvável combinação entre musical, comédia e suspense. A diretora Juliana Rojas já havia experimentado o terror em curtas e no longa Trabalhar cansa (dirigido com Marco Dutra), mas consegue desconstruir gêneros com o novo filme, que se passa em um cemitério. Com letras escritas pela diretora e roteirista, as canções foram produzidas e compostas por Marco Dutra e Ramiro Murilo.