Lidar com memórias afetivas é sempre delicado. Esse é o primeiro desafio de 'O menino no espelho'. O filme voltado para o público infantojuvenil, dirigido por Guilherme Fiúza Zenha, é adaptação do livro de mesmo nome de Fernando Sabino. As memórias em questão são do próprio escritor e também de toda uma geração. O romance lançado em 1982 é daquelas obras sempre adotadas nas escolas. Natural que tenha sido esse o primeiro contato de muita gente com a literatura.
Com direção de arte impecável na recriação da Belo Horizonte da década de 1930, a trama se concentra nas aventuras do menino Fernando (interpretado por Lino Facioli) e sua turma. A primeira delas é quando o garoto constrói um avião e conta com a ajuda dos colegas para o voo inaugural. A sequência introduz o clima nostálgico que permeia os 78 minutos da produção. É um olhar saudoso para brincadeiras de infância que já não existem mais.
Na travessura frustrada do avião, há uma mistura bem dosada de leveza, humor e suspense, equilíbrio que se perde ao longo da projeção. O momento quando Odnanref sai do espelho e ganha vida, por exemplo, não tem o relevo que merece. Soa como mais uma estripulia de Fernando.
O ritmo de O menino no espelho é diferente. Há uma impressão de lentidão, quando, na verdade é o convite para entrar em uma época em que a relação com o tempo também era distinta daquela que temos hoje. A trilha sonora contribui para essa viagem no tempo. Orquestral, composta por Vinícius Calvitti e gravada em Belo Horizonte, ela é onipresente, principalmente quando as crianças estão em cena. É como se o universo infantil tivesse também um tom onírico.
O uso da música, no entanto, vai um pouco além da conta. Como está presente quase o tempo todo, quando é necessário enfatizar ainda mais certas emoções, a variação pode passar batida. Curiosamente, os momentos de silêncio chamam mais atenção, como nas ocasiões em que os pais conversam sobre o comportamento do menino.
Mais experientes, Mateus Solano e Regiane Alves, como os pais do protagonista, obviamente não têm tanto destaque na trama quanto o elenco infantil. O mesmo vale para a professora (Gisele Fróes), o “vilão”, o Major Pape Faria (Ricardo Blat) e demais participações: todas corretas. A interpretação que mais chama atenção é mesmo a de Lino Facioli como Fernando e Odnanref, o próprio menino do espelho. Ele demonstra domínio dos personagens, tanto que há uma pequena diferença no registro entre um e outro. São mudanças sutis, no olhar ou no tom de voz, o que é mais difícil, ainda mais para uma criança.
Com direção de arte impecável na recriação da Belo Horizonte da década de 1930, a trama se concentra nas aventuras do menino Fernando (interpretado por Lino Facioli) e sua turma. A primeira delas é quando o garoto constrói um avião e conta com a ajuda dos colegas para o voo inaugural. A sequência introduz o clima nostálgico que permeia os 78 minutos da produção. É um olhar saudoso para brincadeiras de infância que já não existem mais.
Na travessura frustrada do avião, há uma mistura bem dosada de leveza, humor e suspense, equilíbrio que se perde ao longo da projeção. O momento quando Odnanref sai do espelho e ganha vida, por exemplo, não tem o relevo que merece. Soa como mais uma estripulia de Fernando.
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Mais experientes, Mateus Solano e Regiane Alves, como os pais do protagonista, obviamente não têm tanto destaque na trama quanto o elenco infantil. O mesmo vale para a professora (Gisele Fróes), o “vilão”, o Major Pape Faria (Ricardo Blat) e demais participações: todas corretas. A interpretação que mais chama atenção é mesmo a de Lino Facioli como Fernando e Odnanref, o próprio menino do espelho. Ele demonstra domínio dos personagens, tanto que há uma pequena diferença no registro entre um e outro. São mudanças sutis, no olhar ou no tom de voz, o que é mais difícil, ainda mais para uma criança.