Quem assistiu Guillaume Gallienne como o circunspecto Pierre Bergé, sócio e companheiro de Yves Saint Laurent na recente cinebiografia de Jalil Lespert, vai se surpreender com sua performance na comédia 'Eu, mamãe e os meninos'. O ator faz aqui sua celebrada estreia na direção, em produção que virou campeã de bilheteria na França (levou 2 milhões de espectadores aos cinemas) e arrebatou cinco prêmios César, incluindo o de melhor filme, ator e roteiro, este também assinado por ele.
Em alguns pontos, a produção francesa se encontra com a brasileira 'Minha mãe é um peça'. Ambas as histórias vieram do teatro e, assim como Paulo Gustavo, Gallienne interpreta tanto o protagonista quanto sua própria mãe. Mas as semelhanças terminam por aí, para o bem do filme francês. Em tom farsesco, Gallienne conta a história de um homem que foi criado como menina pela mãe e se vê, desde pequeno, uma pessoa bem diferente dos irmãos. Aliás, o título original é 'Les garçons et Guillaume, à table!' (Meninos e Guillaume, à mesa!), reforçando o tom da diferença de tratamento.
Sem afinidades com os irmãos, desde criança ele se sente muito ligado à mãe, a quem procura imitar. Também não se sente à vontade com os esportes, se interessa por chá e dança. Vai crescendo e tentando encontrar seu lugar no mundo. Viaja para a Espanha para estudar espanhol, se encanta com o flamenco, aprende os passos até que alguém chama a sua atenção dizendo que ele dança como uma mulher. Mais velho e ainda virgem, vai até uma boate gay para ver se consegue se resolver. Chega até mesmo a um spa de luxo, onde numa cena antológica, sofre uma lavagem intestinal pelas mãos de uma sexy enfermeira vivida por Diane Kruger.
Comédia com algum melodrama (mas visto sempre com humor), 'Eu, mamãe e os meninos' é também uma maneira de Guillaume Gallienne (que vem da Comédie Française) explorar toda a sua versatilidade como ator por meio de uma história bem contada. E ele, diga-se de passagem, se sai muito bem. Como homem e mulher.
Assista ao trailer do filme: