Diretor Mike Leigh é aplaudido por filme sobre o pintor Turner, em Cannes

O cineasta monta o filme ao redor dos contrastes da personalidade de J.M.W. Turner

por AFP 15/05/2014 18:20

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Reuters
O diretor britânico Mike Leigh (foto: Reuters)
Cannes - O diretor britânico Mike Leigh foi aplaudido nesta quinta-feira em Cannes com a exibição de "Mr Turner", um filme sobre o "pintor da luz" inglês J.M.W. Turner, precursor dos impressionistas, interpretado por Timothy Spall.

Uma caprichada reconstituição de época do século XIX leva o espectador ao início da era vitoriana, cujos aspectos mais sombrios servem como elemento de contraste com a sublimação pela arte do famoso pintor.

"Turner foi um grande artista, um dos maiores de todos os tempos, e um pintor revolucionário", disse à imprensa Mike Leigh, diretor de "Segredos e Mentiras", vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 1996 e um dos principais cineastas ingleses da atualidade. Leigh monta o filme ao redor dos contrastes da personalidade de J.M.W. Turner (1775-1851), "um ser de aspecto tosco mas com grande coração e um grande gênio".

"O gênio nem sempre vem nas melhores embalagens", ironizou Timothy Spall ao explicar o trabalho de composição para encarnar um artista devorado pela própria obra.

Turner frequenta a aristocracia e os bordéis, recorre à governanta para satisfazer suas necessidades imediatas e termina instalado em uma pensão de família ao lado do mar, cuja proprietária (Marion Bailey) acaba virando sua grande companheira pelo resto da vida. Mestre no momento de fixar a luz das paisagens marinhas na tela, Turner geralmente se expressa na vida cotidiana com um grunhido quase animal.

"Ele tem um milhão de coisas para dizer, mas sai este grunhido", explica Spall, conhecido pelos papéis de Peter Pettigrew dos filmes de Harry Potter e Winston Churchill em "O Discurso do Rei".

O filme aborda os últimos 25 anos da vida de Turner, consagrado como artista e adulado por seus colegas, mas também alvo de piadas e críticas, incluindo as da rainha Victoria e do príncipe Albert.

Ao mesmo tempo, a obra de Turner serve a Leigh como justificativa para criar um poema à luz - a essência do cinema - captada em todos os matizes pela câmera de Dick Pope, que trabalhou por vários anos ao lado do diretor para entender o universo do pintor. "Investigamos a paleta de Turner e depois dividimos nossa própria paleta de cores em função disso", explicou Pope.

Para Timothy Spall, Turner era fundamentalmente "um pintor do sublime" e o filme tenta mostrar "a tensão entre a beleza e o horror da natureza, e a futilidade do ser humano no meio de tudo isto".

A julgar pelos aplausos recebidos na sessão para a crítica, o filme, que disputa a Palma de Ouro, alcançou a meta. As reclamações ficaram por conta da duração da produção, 2 horas e 29 minutos.

O crítico David Ketchum, da revista Variety, elogiou um filme "impecavelmente montado, com perfeição cinematográfica absoluta"

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