Cinema tem coisas que não se entende. Por exemplo: como o filme 'O grande herói' (Lone survivor) pode ser indicado ao Oscar de mixagem e melhor edição de som? Tudo bem que é prêmio com gosto pelo discutível, mas nem nos dois aspectos tal indicação se justifica. Simplesmente porque uma e outra são criações baratas, apenas efeito.
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Talvez tais indicações sejam para pontuar coisas tão polêmicas quanto a história (de invasão a outro país para assassinar lideranças "terroristas"). Que são apresentadas em voz baixa, em meio a ruídos de tiroteios, helicópteros, explosões de bombas etc. Como, por exemplo, a defesa ao ataque de populações civis, que o filme, elipticamente subscreve, mostrando as consequências das “dúvidas” em adotar tal prática.
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Eventual ironia com a situação só torna o filme ainda mais desumano e cínico, quase propaganda de alistamento militar com estética trash. O que, vale lembrar, soa nostálgico em tempos de guerras movidas com mercenários, daí não se verem recrutas voltando para casa dentro de caixões.
Frisa-se, na tela, cartaz e releases, que o filme de Peter Berg é baseado na história real da missão Operação Asa Vermelha. Pouco importa. Eventual referência ao “real” é só para confirmar imaginário militarista cultivado pelo cinema norte-americano (para eles, é como se o cinema desse continuidade à guerra por outros meios).
Considerando, ainda, que em 'O grande herói' todos (inclusive o talibã) estão bem armados e ninguém erra o alvo, pode-se suspeitar de merchandising da indústria armamentista. Não se trata de pedir conteúdo, realismo e consistência ao filme. Se as partes do filme pelo menos se encaixassem já estaria bom. Mas o que se vê são pedaços de interpretações, fotografia, montagem, intenções, videosgames etc., sem que os trapos combinem com os remendos. O filme não é ruim, é péssimo.
Assista o trailer de 'O grande herói':