Salas de exibição em Belo Horizonte deixaram de priorizar produções indicadas ao Oscar

Filmes que concorrerão ao prêmio no domingo tiveram passagem relâmpago pelas telonas

por Carolina Braga 28/02/2014 06:00

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Fotos: Sony Pictures/Divulgação
(foto: Fotos: Sony Pictures/Divulgação)
Os cinéfilos que deixaram para terminar de ver os filmes indicados ao Oscar às vésperas da cerimônia de premiação, marcada para domingo, podem ficar a ver navios. Sabe aquela época em que a agenda de fevereiro era monopolizada por produções badaladas na temporada das estatuetas? Isso virou coisa do passado. Em BH, dos nove longas indicados à categoria principal, seis permanecem em cartaz em circuito restrito. O perfil desses candidatos não é de blockbuster. Predominam filmes pequenos, autorais.


“A qualidade é muito boa. Gosto de todos os nove, o que é raridade. O mais comercial é 'Gravidade', que fez US$ 400 milhões no mundo. Se não fosse o Oscar, '12 anos de escravidão' não iria para a frente. Ninguém quer ver sofrimento”, analisa o crítico Rubens Ewald Filho, comentarista da cerimônia no canal pago TNT. Rubens lembra que mudou a cultura de frequentar salas de cinema. “O consumo de filmes é muito diferente. Os distribuidores demoram demais para lançá-los e as pessoas consomem pirataria, fazendo download em casa ou comprando cópias de boa qualidade na esquina”, completa.

Se os filmes indicados não monopolizam as salas de exibição, longas de aventura como 'Robocop' e 'Pompeia' conquistaram o público nas últimas semanas. O longa americano dirigido pelo brasileiro José Padilha arrecadou R$ 8 milhões na estreia e foi visto por 602 mil pessoas no país, de acordo com a agência Rentrak. Indicados à categoria principal do Oscar aparecem em sexto ('Trapaça', com R$ 838 mil) e sétimo lugares ('12 anos de escravidão', com R$ 810 mil).

Se os temas tratados por indicados à estatueta são tão descolados do cinemão industrial, como explicar a ausência das salas do Belas Artes, espaço cult belo-horizontino, de produções como o preto e branco 'Nebraska' (de Alexander Payne), o cult 'Ela' (de Spike Jonze) e 'Clube de Compras Dallas', com o ator favorito Mattew McConaughey? De acordo com o programador Adhemar Oliveira, isso se deve à tecnologia. 'Nebraska' e 'Clube de Compras' chegaram ao Brasil apenas no formato DCP (Digital Cinema Package), tecnologia de projeção digital que substituirá a película. “Só pode exibi-los quem já está digitalizado”, explica Olivieira.

O caso de 'Ela' é diferente. “'Ninfomaníaca' e 'Trem noturno para Lisboa' fizeram sucesso e estavam segurando as salas”, afirma o programador. Assim, não sobrou espaço para o longa de Spike Jonze, forte candidato a melhor roteiro. Ele compara a safra beneficiada pela cerimônia do Oscar à agricultura: “Há sazonalidade. A humanização dos filmes é fato, mas não necessariamente uma tendência”.

Na rede Cineart, as produções candidatas ao Oscar foram exibidas principalmente em salas já conhecidas por seu perfil menos comercial, como as do shopping Boulevard e, principalmente, do Ponteio. Isso se deve à adaptação tecnológica. “Como já inauguramos o Ponteio com o padrão DCP, conseguimos oferecer praticamente todos os longas concorrentes ao prêmio lá, com público satisfatório. Alguns ainda estão em cartaz e vamos mantê-los até depois do carnaval”, informa Lúcio Otoni, gerente-geral da rede.



AINDA DÁ PARA VER

OSCAR/MELHOR FILME

Clube de Compras Dallas
12 anos de escravidão
Ela
O lobo de Wall Street
Philomena
Trapaça

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A partir do dia 13, o circuito cinematográfico brasileiro exibirá estreias às quintas-feiras. A Federação Nacional das Empresas Exibidoras optou pelo modelo adotado na América Latina e na Europa. O objetivo é aumentar em um dia o fim de semana cultural – como ocorre com agendas de shows e peças de teatro. Nos Estados Unidos, os filmes continuarão estreando às sextas-feiras.

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